Oposição precisa de ‘algo a mais’ para derrotar Lula em 2026, diz diretor da Quaest
Felipe Nunes afirmou em live de VEJA que o presidente 'vive seu pior momento de popularidade', mas 'continua sendo favorito' e que a direita está 'fragmentada'
O diretor-presidente do Instituto Quaest, Felipe Nunes, afirmou, em entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA, nesta sexta-feira, 7, que, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viver o “seu pior momento de popularidade na história dos seus três governos”, a oposição “vai precisar contar com algo a mais do que os últimos erros do governo se quiser vencer” as eleições de 2026. A live de VEJA é apresentada por Ricardo Ferraz, com comentários de Robson Bonin, Marcela Rahal e Ricardo Rangel.
As últimas pesquisas indicam que Lula perdeu popularidade, mas que ainda segue na liderança dos cenários para a disputa do próximo pleito presidencial. “Esse jogo não está 100% jogado. O Lula perdeu popularidade muito forte, mas continua sendo favorito, porque boa parte da rejeição ao governo Lula não encontrou ainda em nenhum dos nomes, nem pop [nomes fora da política, como o cantor Gusttavo Lima] e nem os governadores, uma identidade capaz de ser uma opção diferente eleitoral que o Lula”, afirmou Nunes.
“Uma parte da rejeição ao governo está virando rejeição à política como um todo”, acrescentou o cientista político, que também falou sobre o que chama “era da política pop”. “A gente vive a era da política pop, que é marcada pelo aparecimento de nomes que não necessariamente têm bagagem e experiência administrativa, mas que tem empatia, simpatia pública e conhecimento”, acrescentou, citando o caso específico do cantor sertanejo que apareceu bem na última pesquisa sobre 2026.
Nunes também abordou a possibilidade de Lula transferir votos para outro nome da esquerda, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o que, para ele é possível. “Esse possível substituto tem possibilidade de ser competitivo em 2026, caso o presidente Lula opte por não ser candidato”, ressaltou, completando, porém, a crise produzida pelo próprio governo na sociedade.
“O governo está construindo uma desconfiança crescente na sociedade e essa desconfiança produz a maior crise desse governo, que é a crise de credibilidade. Um incumbente em qualquer situação é favorito na história política do mundo, mas não se pode desconsiderar que nos últimos anos a gente tem visto cada vez mais um volume maior de presidentes derrotados”, salientou o chefe da Quaest.
Outros assuntos
Os colunistas também comentaram reportagem publicada na edição da semana da revista sobre os desafios de Lula em um Congresso dominado pelo Centrão. Após dois anos de mandato, o presidente enfrenta uma popularidade declinante, uma crise de credibilidade e a pressão do grupo político que controla o Congresso. Nas cordas, ele tem o favoritismo para 2026 contestado até por aliados no plano federal, mas conta com um plano para voltar ao centro do tablado. Um plano de alto risco, que, se falhar, pode fortalecer futuros adversários.
Depois de trocar o comando da comunicação do governo, numa tentativa de melhorar a própria imagem, Lula quer estreitar laços com os novos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e fortalecer a frágil aliança que mantém com o Centrão. Para facilitar a renovação do acordo entre as partes, o governo já capitulou em pontos importantes no imbróglio sobre as emendas parlamentares. Desistiu, por exemplo, de reduzir o montante dos recursos destinados pelos congressistas a suas bases eleitorais, que chegou a 50 bilhões de reais no ano passado.
Durante a campanha, Lula se dizia indignado com esse valor, mas, sem força para confrontar o Congresso, concordou em transformá-lo em piso das emendas. Tudo em nome da governabilidade. O próximo passo é redesenhar a Esplanada dos Ministérios a fim de aumentar os espaços dos partidos que fazem parte da aliança. Com essas iniciativas, o presidente espera que o Centrão ajude o governo a entregar resultados neste ano e, em 2026, entre na campanha à sua reeleição.