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Com artrose no joelho, Cabral pede para não andar mais na caçamba da PF

Advogados alegam que ex-governador merece o mesmo tratamento dado ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao ex-ministro Antônio Palocci

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 4 jun 2018, 19h04 - Publicado em 4 jun 2018, 17h51

Preso há um ano e sete meses, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) pediu ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, para ser transportado no banco do carro da Polícia Federal (PF), e não na caçamba, quando for levado do complexo de Bangu até a Justiça Federal. Segundo a defesa, ele sofre de uma artrose aguda no joelho direito e viajar na parte de trás dos veículos da PF lhe causa dor. Os advogados também sustentam que ele merece o mesmo tratamento de presos como o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-ministro Antônio Palocci (PT).

“O pedido se deve não apenas à dignidade dos cargos que o requerente ocupou durante quase trinta anos de intensa vida pública, ou a alguma pretensão de tratamento privilegiado, como poderia soar a um açodado”, argumenta o pedido. “Mas especialmente à sua condição clínica de paciente de artrose aguda no joelho direito, o que tem lhe causado intenso sofrimento toda vez que precisa ser deslocado na caçamba das viaturas policiais durante os cerca de 55 quilômetros de extensão da Avenida Brasil, com as pernas flectidas em ângulo ortopedicamente anômalo.”

Na solicitação enviada nesta segunda-feira, 4, ao juiz Bretas, os advogados Rodrigo Roca e Renata Azevedo explicam que a condição ortopédica de Cabral foi noticiada pela imprensa em 2010, quando ele era governador. Cabral rompeu o menisco ao descer de uma van, e foi operado à época, andando de muletas por cerca de um mês. Ele tem audiência nesta terça-feira, 5, referente à operação Unfair Play 2, que investigou o pagamento de propina para que o Rio fosse eleito sede da Olimpíada de 2016.

O pedido relembra que Sérgio Cabral é ex-governador, ex-senador e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, e cita os casos de Cunha e Palocci, ambos levados no banco de trás de veículos policiais quando transportados para atos processuais. Também afirma que ele não apresenta qualquer risco à segurança pública, “não havendo motivo para que as normas de segurança penitenciária sejam aplicadas com o mesmo rigor dos presos de comprovada periculosidade”.

Diz ainda o pedido: “Não faz sentido o requerente ser tratado como preso especial enquanto está no cárcere, mas não ter a mesma prerrogativa nos transportes que de lá o levam e lá o deixam, afora que, mais que qualquer outro preso, ele será transportado ainda inúmeras outras vezes não só para o foro federal, mas para a Justiça Estadual também”.

Cabral está preso desde novembro de 2016, acusado de liderar uma organização criminosa que atuou em setores como transportes, saúde e obras em seus dois mandatos como governador (2007-2014) e movimentou mais de 1 bilhão de reais em propinas, segundo a Procuradoria da República.

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