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Com aval de Lula, PT assume risco e adia escolha de vice

Presidente do partido, Gleisi Hoffmann, diz que histórico de decisões do TSE não prevê que vice deve ser indicado 24 horas após convenção

Por Estadão Conteúdo 4 ago 2018, 01h21

Depois de se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, em Curitiba, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, anunciou nesta sexta-feira, 3, que a sigla deixará para a Executiva do partido decidir até dia 14 a definição do nome do vice na chapa que vai disputar a Presidência da República. Segundo advogados do PT, a decisão representa um risco à candidatura do partido nas eleições 2018.

“Não houve nenhuma mudança jurisprudencial na Justiça Eleitoral”, justificou a senadora, sobre uma possível modificação de entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinando que o nome de vice seja homologado 24h após as convenções partidárias.

O PT deve oficializar neste sábado o nome de Lula como candidato do partido à Presidência da República. O ex-presidente, condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, advogado do PT junto ao TSE, disse que a decisão comunicada por Gleisi é de risco. “Acho que é uma atitude de risco. A gente nunca sabe como o tribunal vai decidir. Mas existem razões políticas (para a decisão do PT) que devem ser levadas em conta”, disse ele.

Advogados eleitorais ouvidos pela reportagem dizem que, em eleições passadas, a Justiça Eleitoral autorizava as convenções partidárias a delegar a escolha do vice. “Sempre foi autorizado delegar até a data do registro (15 de agosto)”, disse o especialista em direito eleitoral Helio Silveira.

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A posição de Gleisi depois da reunião com Lula surpreendeu o PT, que, desde quinta-feira, se apressou para tentar definir o nome do vice até o Encontro Nacional do partido, com poderes de convenção, marcado para este sábado, 4, em São Paulo.

A estratégia inicial do PT era escolher o vice até o dia 15, quando acaba o prazo para registro das candidaturas. Na quinta, os advogados do partido mudaram de opinião e orientaram a direção a antecipar a escolha para este sábado. No início desta sexta-feira, Gleisi, o ex-prefeito Fernando Haddad, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, embarcaram rumo a Curitiba para anunciar a mudança de planos e definir a nova estratégia com Lula.

Dirigentes petistas, no entanto, já diziam temer pela reação do ex-presidente. Segundo lideranças do PT, Lula determinou que o partido retomasse a estratégia oficial. Nesta sexta-feira, Gleisi Hoffmann ouviu outros advogados e, depois de conversar com o ex-presidente, decidiu voltar à estratégia original, apesar do risco.

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Manuela como vice

As reviravoltas provocaram tumulto no PT e em partidos aliados, com o PCdoB, que pode ficar com a vaga de vice. Gleisi chegou a marcar uma reunião com a presidente do PCdoB, Luciana Santos, para decidir se Manuela d’Avila seria a escolhida.

Segundo fontes do PCdoB, a direção petista sugeriu que Manuela retirasse a candidatura e ficasse no “banco de reservas” até a situação de Lula ser definida pela Justiça Eleitoral.

Ainda de acordo com as fontes do PCdoB, a estratégia petista era indicar provisoriamente um vice do próprio PT, possivelmente Fernando Haddad, visto como possível substituto de Lula, e a chapa “real”, com Manuela de vice, só seria anunciada quando esgotarem as possibilidades do ex-presidente na Justiça. O PCdoB considerou a proposta “constrangedora” e recusou.

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