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Como Aécio Neves ensaia voltar ao topo do jogo eleitoral

A julgar por seus discursos, ele pretende retomar o cargo que ocupou no auge de sua trajetória: o governo de Minas Gerais

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 set 2025, 08h00

No início dos anos 2000, pouca gente no meio político duvidava do futuro de Aécio Neves. Neto do ex-presidente Tancredo Neves, ele vinha de quatro mandatos consecutivos como deputado e chegou a presidir a Câmara entre 2001 e 2002, quando foi eleito governador de Minas Gerais no primeiro turno, com 58% dos votos — depois, foi reeleito com 77% em 2006. Em 2010, quando encerrou a sua gestão, tinha 73% de aprovação, segundo o Datafolha, 1º lugar no ranking de governadores, o que lhe garantiu a ida ao Senado. A ascensão parecia que chegaria ao topo na disputa presidencial de 2014, quando esteve perto de derrotar Dilma Rousseff. A apuração, porém, deu-lhe a derrota, por três pontos de diferença, e marcou uma dura inflexão na sua trajetória.

Sem aceitar o primeiro revés eleitoral da carreira, questionou o resultado das urnas e se isolou politicamente. O pior viria a partir de 2015, quando foi tragado pela Lava-Jato, com acusações de corrupção envolvendo Furnas e Odebrecht. Foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, pedindo 2 milhões de reais para custear sua defesa judicial. A sua irmã e braço direito, Andrea Neves, chegou a ser presa. Teve, ao final, as investigações arquivadas, mas o seu capital político minguou — foi apenas o 34º deputado federal mais votado em Minas em 2022 e murchou no cenário nacional. Agora, ensaia voltar ao topo e, a julgar por seus discursos, pretende retomar o cargo que ocupou no auge de sua trajetória: o governo de Minas Gerais.

ALVOS - Romeu Zema com o vice Mateus Simões: tucano critica o atual governo na TV e nas redes sociais
ALVOS - Romeu Zema com o vice Mateus Simões: tucano critica o atual governo na TV e nas redes sociais (Gil Leonardi/Imprensa MG/.)

Fora Aécio e alguns aliados mais fiéis, poucos acreditam na viabilidade do plano. A estratégia, no entanto, já foi traçada e posta em prática: comparar o seu governo com os outros que lhe sucederam. O alvo principal é o governador Romeu Zema (Novo), a quem tem criticado em inserções do PSDB e em suas redes sociais. “O PSDB, você se lembra, já mostrou que sabe fazer. E quem já fez pode fazer de novo”, diz em um vídeo. O tucano chega a entrar em contradição com algumas bandeiras históricas do partido: defende servidores públicos, reclama de benefícios fiscais a empresas e diz que grandes estatais não devem ser privatizadas. “Quando fui governador, Copasa, Cemig e Codemig eram motivos de orgulho dos mineiros e tinham resultados extraordinários. Hoje, estão sucateando as nossas empresas para entregá-las na bacia das almas. O PSDB está aqui para defender o patrimônio dos mineiros”, diz o tucano, reforçando que “Minas não está à venda”.

Ao mesmo tempo que ataca um governador de direita, em um estado inclinado recentemente a esse espectro político, Aécio mira o outro lado da polarização. Critica o governo Lula e a gestão de Fernando Pimentel, petista que comandou o estado antes de Zema. Em Brasília, ressurgiu nos últimos dias ao buscar uma saída intermediária para a batalha em torno da anistia a envolvidos em atos antidemocráticos e se disse satisfeito por desagradar a bolsonaristas e petistas. “Acostumou-se no Brasil a tachar quem é contra o PT de bolsonarista e vice-versa, mas o Brasil tem que abrir espaço para uma outra oposição, centrada, qualificada, democrática, como nós somos”, pregou. Questionado sobre disputar o governo, afirmou que não é hora de decidir. “É uma decisão para o ano que vem. Mas eu vou ajudar o PSDB a se reposicionar”, disse na quinta 25 ao Ponto de Vista, de VEJA.

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arte Aécio

Embora desconverse sobre se será candidato ao governo, a possibilidade já é tratada no seu círculo político. “Nas nossas pesquisas, ele aparece sempre em primeiro ou segundo lugar. Quando aparece em segundo, vence no segundo turno”, diz o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB-MG e um dos aliados mais fiéis de Aécio. A última pesquisa divulgada, da AtlasIntel, no entanto, mostra o ex-governador com pouco mais de 3% dos votos (veja o quadro). “Ele se manteve anos isolado. Seu partido perdeu força, deixando evidente que não fez um bom trabalho. O povo mineiro vai saber avaliar que ele não é uma boa alternativa”, diz a deputada estadual Leninha, presidente do PT mineiro. “Aécio não tem mais votos na direita, que o apoiou no passado mais pelo contraponto ao PT do que por outro motivo, e antes de os movimentos de direita se organizarem no país”, diz o vice-governador Mateus Simões (Novo), o candidato de Zema.

O derretimento político de Aécio nos últimos dez anos se confunde com o crepúsculo de seu partido. Após chegar duas vezes à Presidência com FHC, em 1994 e 1998, e fazer disputas equilibradas com o PT nas quatro eleições seguintes, o PSDB entrou em declínio. Em 2022, elegeu três governadores — Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) —, mas perdeu todos para siglas mais promissoras. Aécio, que assume a presidência da legenda em novembro, vai ter trabalho para voar alto de novo.

Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963

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