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Coronel chama de ‘amenidade’ conversa golpista com Mauro Cid

Com um cargo no Estado-Maior do Exército, Jean Lawand Junior defendeu ao ex-ajudante que houvesse uma intervenção militar em reação à derrota de Bolsonaro

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jun 2023, 17h41 - Publicado em 16 jun 2023, 17h23

O coronel Jean Lawand Junior, atualmente exercendo uma função no Estado-Maior do Exército, chama de “amenidade” e “conversa para saber como estavam os ânimos” a série de mensagens de teor golpista que enviou a Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Conforme revelou VEJA, a Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid um plano para anular as eleições de 2022, afastar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e colocar o país sob intervenção militar.

A PF também encontrou uma série de mensagens, enviadas entre novembro e dezembro do ano passado, nas quais o coronel Jean Lawand sugere que o então presidente Jair Bolsonaro precisava “dar a ordem” para que as Forças Armadas agissem. “Ele tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida”, escreveu.

Em outro diálogo, insiste: “Convença o 01 a salvar esse país!”. Cid responde com um enigmático “Estamos na luta!”. Em um áudio enviado ao então ajudante de ordens, o coronel continua: “Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara”.

Questionado por VEJA, o coronel afirma que é amigo de Mauro Cid – “mas não muito próximo” – e definiu a conversa como uma “amenidade”. As explicações, no entanto, não devem ser reconhecidas. Conforme mostrou a coluna Radar, o Ministério da Defesa e a cúpula do Exército vão cancelar a promoção dele a uma representação em Washington e também estudam a demissão do militar.

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Confira a entrevista:

Qual é a sua relação com o tenente-coronel Mauro Cid? Foi o meu cadete, amiga. Foi meu cadete. Um amigo, mas não muito próximo. Mas amigo, sim. Por quê?

O senhor chegou a conversar com ele, depois das eleições, pedindo que convencesse o presidente Bolsonaro a dar algum tipo de ordem para que os militares reagissem. Qual era a intenção? Não, amiga, não falei… A minha intenção não era nenhuma, nenhuma, entendeu? Não era nenhuma. A gente conversou só amenidades, não foi nada.

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Mas eram um pouco mais do que amenidades, não? Não, não. Já tinha tido uma conversa com ele antes, eu queria só saber como estava a situação. Mas não foi nada.

O senhor falava que o presidente tinha de dar uma ordem e que, mesmo que a cúpula do Exército não estivesse com ele, as tropas estariam. Não me recordo dessa conversa, não.

Isso foi tratado, internamente, de alguma maneira? Não, não foi. Ficou sempre em conversa assim… Não foi.

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O senhor realmente achava que o ex-presidente poderia ser preso depois das eleições? Não, por que ser preso? Não achava. Ele não fez nada de incorreto, não poderia. Por quê? Não falei em nenhum momento isso.

Então o senhor conhece o Cid porque ele foi o seu cadete e trata essas conversas como uma amenidade. Amenidade. Foi uma conversa minha com ele para saber como estavam os ânimos. Só isso.

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