Coronel Lima tem alta e é encaminhado à carceragem da PF
Policial aposentado passou mal durante cumprimento de mandado de busca em sua casa; nesta sexta-feira, ele deve depor após nove meses de adiamentos
O coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo pessoal do presidente Michel Temer (MDB) preso na manhã desta quinta-feira, teve alta no início da noite do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado. Ele foi examinado no Instituto Médico-Legal (IML) e já se encontra na carceragem da Polícia Federal, também na capital paulista.
Lima Filho, suspeito de integrar um esquema de corrupção relacionado ao chamado “decreto dos portos”, passou mal enquanto policiais federais cumpriam, junto com a detenção temporária por cinco dias, um mandado de busca e apreensão na sua residência.
No despacho em que autorizou a prisão do coronel aposentado, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), destacou o “crescimento exponencial” da Argeplan, empresa que tem Lima Filho em seu quadro societário e que atuava em diversas frentes.
Barroso lembrou da delação premiada do empresário José Antunes Sobrinho, da Engevix. Em depoimento, Antunes disse que a Argeplan obteve contratos da sua empreiteira “por ser ela ligada a Michel Temer”. O ministro do STF cita informações do inquérito e mostra o impacto que essa “ligação” renderia ao coronel: sua empresa obtinha contratos com o poder público mesmo quando não tinha condições técnicas de executá-las.
Depoimento
Próximo a Temer desde os anos 90, o coronel Lima Filho vem, a cerca de nove meses, protelando seu depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga se o presidente e seu grupo obtiveram benefícios indevidos de empresas do setor portuário. O policial militar aposentado apresentou sucessivos atestados médicos para justificar suas ausências nas datas para as quais foi convocado.
Preso na carceragem da PF, deve finalmente falar nesta sexta-feira. Na pauta, entre outras coisas, as relações pessoais e comerciais entre ele e o emedebista, os negócios liderados pela Argeplan e o setor portuário. Ele é acusado de intermediar a relação entre o presidente e empresários do ramo, que teriam pago propina em troca de benefícios.
Além do coronel Lima, foram presos outros nomes do círculo próximo a Michel Temer, como o advogado e ex-assessor especial José Yunes e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB).