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Ex-diretor nega propina e chama Dominguetti de ‘picareta’

Roberto Ferreira Dias, que foi exonerado da Saúde na semana passada após ter sido citado pelo policial, prestou depoimento à comissão

Por Da Redação
Atualizado em 7 jul 2021, 17h56 - Publicado em 7 jul 2021, 09h07
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  • A CPI da Pandemia ouviu nesta quarta-feira, 7, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. Ele foi exonerado do cargo na semana passada após o policial militar Luiz Paulo Dominguetti acusá-lo de pedir propina para autorizar a compra de vacinas contra a Covid-19 pelo governo federal. Ele nega a acusação. Por mentir aos senadores, teve a prisão determinada por Omar Aziz.

    De acordo com Dominguetti, que se diz representante da empresa Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos, Dias cobrou propina de 1 dólar por dose para a aquisição de 400 milhões de unidades do imunizante da AstraZeneca. Os requerimentos para a convocação foram apresentados pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA).

    Leia também: Dias adotou medidas para se blindar de possíveis ameaças em Brasília

    O depoimento

    Roberto Dias iniciou a oitiva negando ter pedido propina pela compra de vacinas, conforme relatado por Dominguetti. “Nunca pedi nenhum tipo de vantagem ao senhor Dominguetti nem a ninguém.” Dias também negou “qualquer pressão indevida” sobre Luis Ricardo Miranda e afirmou que a mensagem enviada ao servidor era sobre a vacina da AstraZeneca e não sobre a Covaxin. O depoente afirmou que um lote do imunizante chegaria no dia seguinte e ele queria assegurar que a vacina estivesse “sem nenhum problema em seu desembaraço”.

    Sobre a reunião com Dominguetti em um restaurante, o ex-diretor disse que o encontro aconteceu casualmente. “No dia 25 de fevereiro, fui tomar um chopp com um amigo no restaurante Vasto. Em dado momento, se dirigiu à mesa o coronel Blanco, acompanhado de uma pessoa que se apresentou como Dominguetti”, relatou. “Feitas as apresentações, o senhor Dominguetti disse representar uma empresa que possuía 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca. Neste momento, eu disse que isso já havia circulado no ministério, mas que nunca havia sido apresentada a documentação necessária e citei o nome do senhor Cristiano (da Davati). O mesmo disse que era parceiro comercial do senhor Cristiano e que sua empresa teria tais documentos.”

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    Dias acrescentou que chegou a se reunir com Dominguetti no Ministério da Saúde posteriormente. “Chegando ao ministério, o senhor Dominguetti foi atendido por mim, junto com uma servidora, e os documentos se mostraram mais do mesmo: não havia carta de representação do fabricante. Entretanto, o mesmo alegou que a receberia em instantes”, disse. “Tempos depois, o mesmo se despediu, disse que teria que ir embora e nunca mais tive notícias – como diversos outros ofertantes de vacinas.”

    Em seguida, Dias afirmou estar sendo “acusado sem provas por dois cidadãos” e desqualificou os depoentes. “O senhor Dominguetti, que aqui nesta CPI foi constatado ser um picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde e durante sua audiência deu mais uma prova de sua desonestidade mostrando não ser merecedor de nenhum crédito por parte desta casa. O nobre deputado Luis Miranda conforme notícias relatam possui um currículo controverso, que me abstenho de citar e é de domínio público.”

    Sobre seu ingresso na pasta da Saúde, Dias contou que teve seu currículo “apresentado” ao então ministro Luiz Henrique Mandetta pelo ex-deputado Aberlardo Lupion (DEM), que, assim como ele, é do Paraná. Depois de ter sido aprovado por Mandetta, Dias relatou que foi mantido no cargo por decisão de todos os outros ministros que passaram pela Saúde na pandemia. Ele negou que o deputado Ricardo Barros tenha tido influência em sua permanência.

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