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Crise no PSL fez Bebianno passar de aliado a desafeto da família Bolsonaro

Morto aos 56 anos, Bebianno se ofereceu em 2017 para advogar gratuitamente para Jair Bolsonaro, depois disso virou ministro e caiu após briga com Carlos

Por Larissa Quintino Atualizado em 14 mar 2020, 09h48 - Publicado em 14 mar 2020, 09h46

O advogado e empresário Gustavo Bebianno, que morreu neste sábado, 14, aos 56 anos em Teresópolis, passou em pouco tempo de um ilustre desconhecido no mundo político brasileiro para pivô da primeira grande crise do governo de Jair Bolsonaro.  O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, foi demitido do governo em fevereiro em 2019, após vazamentos de áudios em meio ao escândalo de candidaturas laranja no PSL, sigla que presidiu. A queda foi marcada por uma briga com o “zero dois”, o vereador Carlos Bolsonaro. Depois da saída do governo, Bebianno não voltou para o anonimato politico: passou a ser um dos principais críticos do governo, se filiou ao PSDB e era pré-candidato dos tucanos à Prefeitura do Rio de Janeiro.

A história de Bebianno com Bolsonaro começou em 2017, quando foi apresentado para o então deputado. Bebianno se ofereceu para defender Bolsonaro gratuitamente em diversas causas e, daí, nasceu uma relação de confiança. Bebianno virou presidente do PSL, partido pelo qual o presidente concorreu ao Planalto, no ano seguinte e era uma das figuras mais próximas ao então candidato durante a campanha.

Bebianno estava com Bolsonaro durante a carreata em Juiz de Fora (MG), em que o então candidato foi esfaqueado, e esteve também na sala de cirurgia após o atentado.  A nomeação de Bebianno para o primeiro escalão de Bolsonaro era dada como certa devido a lealdade, mas o casamento durou pouco tempo.

Crise do ‘laranjal’

De nanico, o PSL passou para o segundo maior detentor de cadeiras na Câmara dos Deputados e, assim como Bolsonaro, foi o grande vencedor do pleito de 2018. Mas, loo no início do governo, um escândalo sobre candidaturas laranjas rachou a sigla. O jornal Folha de S. Paulo revelou um esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro que foi presidido por Bebianno no ano passado.  Segundo a reportagem, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), participou de um esquema durante a campanha eleitoral do ano anterior para se beneficiar de verbas públicas destinadas ao cumprimento de cotas de gênero no partido – pelo menos 30% do fundo partidário deveria ser destinado às candidaturas de mulheres. O ministro escolheu cinco candidatas, que receberam montantes posteriormente destinados a empresas dos assessores dele.

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Bebianno, que presidia o partido durante as eleições, foi colocado como responsável pela liberação das verbas, o que foi negado por ele. O então ministro tentou colocar panos quentes em toda a situação, afirmando que havia conversado com o presidente sobre a situação. Neste momento, a rusga entre ele e Carlos, um dos filhos do presidente, explodiu. Carlos foi ao Twitter onde classificou como “mentira absoluta” os diálogos entre o ministro e o presidente com a explosão da crise. Mas, áudios revelados por VEJA comprovam que Bebianno e Bolsonaro conversaram sim sobre a crise.

Pouco tempo depois, Bebianno caiu e disse que quem o demitiu foi Carlos Bolsonaro. Em entrevista ano ano passado as Páginas Amarelas de VEJA, Bebianno disse que o filho do presidente fez a cabeça do pai na ocasião. “Carlos se aproveitou daquela situação para fazer a cabeça do pai e jogá-­lo contra mim. Ele sabe como manipular o pai, usando teorias de conspiração sem fundamento algum. O presidente está perdendo quase todos os seus verdadeiros aliados por conta disso”. 

Em dezembro do ano passado, Bebianno se filiou ao PSDB a convite de João Doria, governador de São Paulo. No começo de março, os dois anunciaram a pré-candidatura do ex-PSL à Prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda no começo de março, entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, fez mais críticas a Bolsonaro e admitiu preocupação com o governo federal. “Temo por uma ruptura institucional”, declarou na ocasião. “Ele praticamente não trabalha pelo Brasil. O risco é esse, a começar pelos filhos. AI- 5 para cá e para lá, críticas infundadas a outros poderes”, disse. 

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