O presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a defender, nesta segunda-feira, a nomeação do filho Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos Estados Unidos, mesmo após o anúncio ter sido criticado por aliados políticos e setores da diplomacia, além da oposição. “Por vezes temos que tomar decisões que não agradam a todos. Se está sendo criticado é sinal de que é a pessoa adequada”, disse o presidente em audiência na Câmara dos Deputados.
Apesar de Bolsonaro citar que as críticas vieram em grande parte da imprensa, a possível indicação do filho Zero Três também não foi bem recebida por pessoas próximas ao presidente, como o ideólogo Olavo de Carvalho. Em vídeo publicado no sábado, Olavo disse que a medida representaria um “retrocesso” e a “destruição da carreira” do parlamentar. Segundo ele, Eduardo seria muito mais útil na Câmara numa investigação contra o Foro de São Paulo do que sendo um “funcionário diplomático em Washington”. Olavo mora hoje nos Estados Unidos e foi um dos responsáveis, junto com Eduardo Bolsonaro, pela indicação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
A sessão na Câmara era dedicada a homenagear o Comando de Operações Especiais do Exército e estava repleta de aliados do governo, que aplaudiram a fala do presidente. Na primeira oportunidade em que pisa no Congresso após a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno, Bolsonaro relembrou o tempo em que fazia parte do baixo clero e comparecia diariamente ao plenário da Câmara – seu “teatro de operações”, segundo suas palavras. “O Brasil precisa de uma quimioterapia para que ele não pereça. Alguns poucos reagem, mas serão convencidos pelo povo e pela maioria dessa Casa”, afirmou o presidente.
A indicação de Eduardo foi anunciada por Bolsonaro na última quinta-feira, um dia depois de o deputado completar 35 anos, idade mínima exigida para assumir uma embaixada. A ideia, no entanto, já era aventada desde março, quando o filho acompanhou o pai no encontro com o presidente americano Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca.
Indicação ao STF
Após o discurso, Bolsonaro cumprimentou ainda na tribuna os ministros de seu governo, militares amigos e parlamentares aliados presentes à audiência. Na hora de anunciar o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, disse que ele é “terrivelmente evangélico”, dando a entender que pode nomeá-lo para o Supremo Tribunal Federal (STF) quando o ministro Celso de Mello se aposentar, em 2020. Na última quarta-feira, em culto promovido pela Frente Parlamentar Evangélica, Bolsonaro anunciou que indicará para o Supremo uma pessoa que seja “terrivelmente evangélica”.