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De olho em 2026, Caiado terá desafio para mostrar força em seu reduto

Governador com maior aprovação no país vai ter que entrar de cabeça na eleição municipal para que suas apostam vençam nas maiores cidades de Goiás

Por Lucas Mathias 31 jul 2024, 15h25

Governador que ostenta a maior popularidade do Brasil (86% de aprovação segundo última pesquisa Genial/Quaest), Ronaldo Caiado (União) sonha com o Planalto e busca ganhar ainda mais popularidade em seu estado, Goiás. Para tanto, já definiu que pretende utilizar a eleição deste ano como trampolim para 2026. Mas, apesar do bom momento, o político enfrenta dificuldades nas três maiores cidades de seu próprio quintal, as únicas onde há a possibilidade de um segundo turno, conforme as regras do TSE: Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Caiado terá que reverter cenários em que os líderes, conforme pesquisas divulgadas até aqui, são seus adversários.

Os maiores esforços estarão concentrados em Goiânia. Historicamente, a capital rejeita os candidatos apoiados pelo governo estadual. De acordo com pesquisas locais, estão empatados tecnicamente na liderança a delegada Adriana Accorsi (PT), seguida pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD). Sandro Mabel (União), correligionário de Caiado, vem em seguida, na terceira posição, mas ainda bem atrás dos dois primeiros colocados.

Na avaliação do entorno do governador, a falta de alianças políticas de Vanderlan pode desidratar sua candidatura após o início da campanha. Adriana, por sua vez, deve seguir bem cotada. A petista tem como uma de suas principais bandeiras a defesa dos direitos das mulheres e a segurança pública, em um reduto tradicionalmente de direita. Para aliados de Caiado, porém, como a capital goiana é vista como segura, deve pesar na disputa alguém que tenha bom perfil de gestão. 

“As pesquisas qualitativas mostram que Goiânia está carente de um político gestor. Vanderlan e Adriana já são mais conhecidos. Mabel foi deputado estadual e federal, mas ainda pode se apresentar melhor à população como político. E vamos mostrar a importância de uma gestão compartilhada com o governo estadual, comprometida”, aponta Caiado. 

Eventual segundo turno entre o postulante do União e a candidata do PT teria contorno histórico para o município, já que em 1992, Mabel foi derrotado justamente pelo pai de Adriana, Darci Accorsi, na briga pela prefeitura. Para Caiado, ver seu candidato vencer em Goiânia, contra o PT e superando o tabu histórico seria mais uma mostra de seu domínio e de sua influência.

Cenários difíceis

Situada na Região Metropolitana da capital do estado, Aparecida de Goiânia também terá a presença de Caiado em palanques com frequência. Lá, o escolhido pelo governador foi Leandro Vilela, do MDB, fruto de uma aliança local com o União. Hoje, segundo colocado nas pesquisas, Vilela carrega consigo ainda a bandeira de dois políticos com legado no município: o ex-governador e ex-senador Maguito Vilela, morto em 2021, e o ex-prefeito Gustavo Mendanha, que deixou o posto em 2022 para participar do pleito naquele ano. Apesar de seu desconhecimento, a expectativa do grupo político de Caiado é que o aliado cresça graças a essas associações.

O desafio será bater o bolsonarista Professor Alcides (PL), hoje em primeiro nas pesquisas divulgadas até aqui. Aposta do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Caiado busca apoio, Alcides teve sua pré-candidatura lançada com direito a motociata, além da presença do principal cabo eleitoral. Ele deve levar aos debates um discurso mais ideológico, na disputa que promete ser, de fato, mais à direita. Seu obstáculo pode estar na Justiça: ele responde a processos por irregularidades em pleitos anteriores, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

A situação é mais difícil para o governador justamente na cidade onde nasceu e sua família até hoje exerce intensa influência política: Anápolis, localizada a 50 quilômetros de Goiânia e a 140 quilômetros de Brasília. Com forte presença do agronegócio, a região tem também grande influência do bolsonarismo e se encaminha para ter a polarização como fator preponderante na eleição. Antônio Gomide, ex-prefeito local do PT, lidera com 44,8% das intenções de voto, seguido por Marcio Correa (PL), com 32,9%.

Adversários políticos de outros pleitos, os dois se encaminham para protagonizar o embate do segundo turno. Corre por fora Eerizania Freitas, filiada ao União Brasil e, portanto, apoiada por Caiado em quarto lugar nas pesquisas e sem chances reais de seguir na disputa. Ciente da dificuldade de furar a bolha dos adversários, ali é tido como favas contadas pelo grupo do governador.

2026 é logo ali

Apesar dos obstáculos nas três maiores cidades, a situação no resto do estado favorece Caiado. O União Brasil planeja lançar 141 candidatos a prefeito, nos 246 municípios. Em ao menos 30 deles, haverá apenas um postulante na disputa — ou seja, a vitória está garantida. 

O pleito deste ano, aliás, já tem sido utilizado para fazer o nome de Caiado  circular nacionalmente. Nas últimas semanas, ele esteve em eventos da pré-campanha de candidatos do União Brasil em Fortaleza (CE), Campo Grande (MS) e Uberlândia (MG). E pretende seguir com o périplo Brasil afora nos próximos dois meses. A campanha à reeleição do prefeito de Salvador (BA), Bruno Reis (União), por exemplo, é encarada por seu partido com atenção, assim como em Natal (RN). Para isso, o governador reservou espaço especial em sua agenda nos fins de semana. Nos outros dias, seguirá conciliando o trabalho no Executivo e a caminhada pelos municípios goianos, gravando vídeos e participando de reuniões, encontros e comícios. 

“Sou pré-candidato à Presidência. Este período no governo tem sido um divisor de águas para mostrar o tamanho da mudança, como era Goiás há 20 anos e como está hoje. Na eleição deste ano, todo partido vai fortalecer suas bases, e o União Brasil está correndo pra isso”, diz o governador. 

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