A defesa do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), protocolou um novo pedido para adiar o depoimento que ele terá de prestar ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Teixeira já recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês, onde estava internado por problemas cardíacos, mas foi proibido pelos médicos de sair de São Paulo. A audiência está marcada para as 14h desta quarta-feira, 13.
Teixeira foi internado na véspera da primeira audiência marcada por Moro, na quarta-feira, 6. Segundo o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, responsável pela defesa do advogado, os médicos disseram que a “gravidade dos sintomas recente” exigem que ele permaneça em observação, em repouso e impossibilitado de deixar a cidade de São Paulo. Para embasar o pedido, a defesa anexou um relatório que detalha o quadro de saúde do advogado.
“O relatório médico em anexo dá notícia do seguinte diagnóstico: (1) insuficiência coronariana com infarto do miocárdio em 1981, revascularização cirúrgica do miocárdio em 2006 e angioplastia coronariana em 2016. A recente internação deve-se a quadro de angina instável; (2) insuficiência cardíaca secundária à miocardiopatia isquêmica; bem como (3) arritmia cardíaca controlada com uso de medicação”, diz o boletim médico.
A defesa pede que o depoimento de Teixeira seja realizado “quando não houver mais risco a sua saúde” e compromete-se a manter Moro informado sobre a evolução do quadro clínico do advogado.
Moro já havia remarcado o depoimento em função da internação de Teixeira. Também está prevista para esta quarta-feira, 13, a audiência em que Lula reencontrará o juiz federal. Eles serão ouvidos no processo em que a força-tarefa atribui ao petista os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Teixeira e Lula são réus no mesmo processo. Segundo o Ministério Público Federal, propinas pagas pela Odebrecht chegaram a 75 milhões de reais em oito contratos com a estatal. Este montante, segundo os investigadores, inclui um terreno de 12,5 milhões de reais para comprar um imóvel que seria para o Instituto Lula – mas que nunca foi usado – e 504 mil reais para a aquisição do apartamento vizinho ao que o petista mora, em São Bernardo do Campo.
Teixeira é acusado de lavagem de dinheiro por ter simulado um contrato de aluguel para o apartamento, que, de acordo com o MPF, teria sido dado ao ex-presidente, como fruto de propina em contratos da Odebrecht com a Petrobras. Teixeira é sogro de Cristiano Zanin Martins e pai de Valeska Teixeira Zanin Martins, advogados do petista no processo.
Palocci
Na última semana, o ex-ministro Antonio Palocci, que também é réu no processo, incriminou Lula ao prestar depoimento a Moro. Ele citou um “pacto de sangue” entre o empresário Emílio Odebrecht e Lula, que teria envolvido um “pacote de propinas” ao petista no final de seu segundo mandato no Palácio do Planalto, em 2010.
O ex-ministro disse ao magistrado que a denúncia do MPF “procede” e que participou das tratativas sobre vantagens indevidas. Afirmou, ainda, que a relação entre os governos petistas e a empreiteira era “bastante intensa, movida a vantagens dirigidas à empresa e propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos”.
A defesa de Lula nega todas as acusações e diz que Palocci mentiu para tentar conseguir fechar o acordo de delação premiada que está negociando com o MPF. Palocci está preso em Curitiba desde setembro do ano passado.
Confira aqui o relatório médico anexado pela defesa de Roberto Teixeira.