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Defesa de Lula diz que novas mensagens vazadas de Moro são ‘repugnantes’

Conversa divulgada pelo site Intercept mostra que ex-juiz procurou o MP para sugerir texto à imprensa que evidenciasse 'contradições' do petista

Por da Redação
Atualizado em 15 jun 2019, 15h44 - Publicado em 15 jun 2019, 14h22
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  • Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, divulgaram nota neste sábado, 15, em que classificam como “estarrecedor” e “repugnante” o novo trecho de conversas divulgadas pelo site The Intercept, que mostram o então juiz Sergio Moro orientando os procuradores da Lava Jato de Curitiba a emitir nota para evidenciar “contradições” de depoimento do petista.

    Reportagem da capa de VEJA desta semana mostrou como a atuação de Moro nos casos da Lava Jato alçou o juiz ao posto de celebridade – imagem que começa a mudar com a divulgação das mensagens. Os diálogos são inequívocos: mostram o estabelecimento de uma relação de coope­ração incompatível com a imparcialidade exigida por lei de qualquer juiz.

    “As novas mensagens reveladas ontem (14/06/2019) pelo ‘The Intercept’, para além de afastar qualquer dúvida de que o ex-juiz Sérgio Moro jamais teve um olhar imparcial em relação a Lula, mostram o patrocínio estatal de uma perseguição pessoal e profissional, respectivamente, ao ex-presidente e aos advogados por ele constituídos”, diz um trecho da nota.

    De acordo com o conteúdo das conversas divulgadas pelo The Intercept, num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, ele pede para que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou de “showzinho” da defesa do ex-presidente Lula.

    Segundo o Intercept, os procuradores acataram a sugestão dada por Moro no dia 10 de maio de 2017, quando o então juiz já presidia um processo criminal contra o ex-presidente no caso do triplex do Guarujá, no litoral de São Paulo. Moro perguntou “o que achou?” ao procurador do Ministério Público Federal em Curitiba. Santos Lima respondeu: “Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o triplex desmontou um pouco ele“.

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    Moro respondeu que “a comunicação é complicada, pois a imprensa não é muito atenta a detalhes. E alguns esperam algo conclusivo“. E concluiu: “Talvez vocês devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele. Porque a defesa já fez o showzinho dela“. Santos Lima respondeu: “Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal. Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua“.

    Nesta sábado, o Ministério da Justiça afirmou que não confirma a veracidade das mensagens divulgadas pelo site The Intercept. Por meio de nota, o ministério declarou que “não reconhece a autenticidade e não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas”. A pasta reiterou, na nota, “a necessidade de que o suposto material, obtido de maneira criminosa, seja apresentado a autoridade independente para que sua integridade seja certificada.”

    Veja a íntegra da nota dos advogados de Lula:

    “É estarrecedor constatar que o juiz da causa, após auxiliar os procuradores da Lava Jato a construir uma acusação artificial contra Lula, os tenha orientado a desconstruir a atuação da defesa técnica do ex-Presidente e a própria defesa pessoal por ele realizada durante seu interrogatório (10/05/2017). As novas mensagens reveladas ontem (14/06/2019) pelo The Intercept, para além de afastar qualquer dúvida de que o ex-juiz Sérgio Moro jamais teve um olhar imparcial em relação a Lula, mostram o patrocínio estatal de uma perseguição pessoal e profissional, respectivamente, ao ex-Presidente e aos advogados por ele constituídos.

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    É inimaginável dentro de um Estado de Direito que o Estado-juiz e o Estado-acusador se unam em um bloco monolítico para atacar o acusado e seus advogados com o objetivo de impor condenações a pessoa que sabem não ter praticado qualquer crime.

    É repugnante, ainda, constatar que a campanha midiática ocorrida em maio de 2017 objetivando atacar a memória de D. Marisa Letícia Lula da Silva tenha sido tramada pela Lava Jato, como também revelam as mensagens do The Intercept.

    Tais fatos, públicos e notórios, reforçam o que sempre defendemos nos processos e no comunicado encaminhado em julho de 2016 ao Comitê de Direitos Humanos da ONU: Lula é vítima de ‘lawfare’ e o ataque aos seus advogados é uma das táticas utilizadas para essa prática nefasta.

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    Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins (15/06/2019)”

     

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