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Delatores revelam propina de R$ 13,5 mi a Fernando Pimentel

Governador de Minas Gerais também é citado por delatores da Odebrecht como autoridade que faria intermediação por decisão judicial favorável à Engevix

Por Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto
Atualizado em 12 abr 2017, 00h44 - Publicado em 11 abr 2017, 23h02

Alvo preferencial da Operação Acrônimo, o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) recebeu pagamento de 13,5 milhões de reais em propinas. Por ter foro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Pimentel terá o caso remetido a esta instância, que deve definir se abre ou não investigação sobre o governador. O Ministério Público contabilizou os depoimentos de seis delatores da Odebrecht que revelam o pagamento a Pimentel. O dinheiro, segundo os delatores, foi pago quando o político ainda comandava o Ministério do Desenvolvimento, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff: “O dinheiro foi repassado com o objetivo de que os interesses da empresa fossem atendidos no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”, registra Fachin.

No mesmo despacho, Fachin cita pagamentos a Flávio Dolabella, integrante do Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig), que recebeu 45.000 reais para fazer à empreiteira as atas sigilosas de reuniões do comitê. Carlos José Fadigas de Souza Filho, João Carlos Mariz Nogueira, Antônio de Castro Almeida, Cláudio Melo Filho, Marcelo Bahia Odebrecht e Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis são os delatores que narram os fatos envolvendo Pimentel e Dolabella

Em outro inquérito também remetido ao STJ, os delatores Marcelo Odebrecht e João Carlos Nogueira relataram que o Grupo Odebrecht realizou varredura em busca de equipamentos eletrônicos e buscou eliminar provas relacionadas à Operação Lava-Jato. A empresa, segundo os delatores, também tentou contratar advogados e entrar em contato com diversas autoridades com a intenção de obstar a cooperação jurídica internacional e a própria operação investigativa. João Carlos Nogueira diz que “manteve diversos contatos com Fernando Pimentel”, então ministro do Desenvolvimento, “para que agisse no sentido de ser julgada procedente reclamação proposta pela empresa Engevix em processos correlatos à Operação Lava-Jato”. A Engevix é uma das empresas envolvidas com o cartel de empresas do petrolão.

Pimentel já foi denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República, no âmbito de outra operação, a Acrônimo. Ele é acusado de corrupção passiva, por receber vantagens ilegais de empresas que teriam conseguido empréstimos do BNDES em projetos vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, pasta que comandou. O governador mineiro também é paç central em outra suspeita: o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, afirmou em delação premiada que a CAOA pagou 20 milhões de reais ao governador Pimentel para beneficiar o grupo automobilístico quando era ministro. O ministro Edson Fachin autorizou envio da cópia desta denúncia ao STJ e à Seção Judiciária do Estado do Paraná.

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