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Por discrição, Delcídio fez reunião dentro de sauna, diz Santana

Em delação premiada, marqueteiro afirma que o ex-senador exigiu pagar dois milhões de reais em conta no exterior durante a campanha de 2002

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 Maio 2017, 19h47 - Publicado em 11 Maio 2017, 19h33

Em sua delação premiada fechada com a Procuradoria-Geral da República e tornada pública hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o marqueteiro João Santana relata como o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) o convidou para trabalhar na comunicação política de sua campanha ao Senado, em 2002, e acertou os valores a serem pagos por seus serviços por meio de caixa dois.

Santana contou à PGR que Delcídio, então secretário de Infraestrutura do governo do Mato Grosso do Sul, convidou-o para ir a sua casa em Campo Grande (MS) e, dentro da sauna da residência, disse que gostaria de contar com o marqueteiro em sua campanha.

Para Santana, a proposta foi feita tão inusitada e reservadamente porque o ex-senador pretendia pagá-lo no exterior, sem declarações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e “visava preservar informações quanto a valores e forma de pagamento”.

O marqueteiro disse à PGR ter orientado o ex-petista a procurar sua mulher, Mônica Moura, também delatora, pois ele cuidava “somente das áreas criativa e estratégica” das campanhas. “No primeiro contato com Mônica, Delcídio do Amaral exigiu, para a contratação de João Santana, que parte do pagamento fosse feita por transferência em conta no exterior, uma vez que Delcídio não teria como justificar o valor pago ao TSE”, relatou Santana.

Após combinar com a mulher do marqueteiro que o valor da campanha seria de 4 milhões de reais, Delcídio teria proposto que metade do valor, 2 milhões de reais, fosse paga e declarada à Justiça Eleitoral, e a outra metade, estimada em 1 milhão de dólares, fosse remetida ao exterior. De acordo com o marqueteiro, o valor foi depositado entre outubro e novembro em 2002 na conta Shellbill, que o casal mantinha na Suíça.

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“O valor da campanha, no importe de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), bem como os detalhes da negociação, foram acertados em um segundo momento, entre Mônica Moura e Delcídio do Amaral, inclusive a forma do pagamento referente ao valor oficialmente declarado e o valor que foi pago no exterior, ficando claro para Mônica Moura que se eles não aceitassem receber valores no exterior, Delcídio não os contrataria”, diz a delação de João Santana.

Eleito em 2002 para seu primeiro mandato parlamentar, Delcídio do Amaral foi preso em novembro de 2015 por tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato por meio da compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava uma delação premiada. A prova definitiva para a prisão de Delcídio foi uma gravação feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, em uma conversa com o então líder do governo Dilma no Senado.

Após 87 dias preso, o petista fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e deixou a prisão. Em maio de 2016, ele foi teve o mandato cassado por unanimidade no plenário do Senado.

A reportagem procurou o ex-senador Delcídio do Amaral, mas ele não atendeu aos telefonemas.

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