Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Deltan usou movimentos para pressionar STF após morte de Teori

Novos diálogos também mostram que coordenador da Lava Jato também articulou divulgação de vídeos para 'emparedar' o ministro Alexandre de Moraes

Por Leonardo Lellis Atualizado em 12 ago 2019, 11h55 - Publicado em 12 ago 2019, 11h12

Novos diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil mostram que o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal, usou dois movimentos da sociedade para pressionar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional por pautas do interesse dos integrantes da Operação Lava Jato.

As mensagens mostram que, logo após a morte de Teori Zavascki, em janeiro de 2017, o procurador expressou sua preocupação em relação a quem seria o substituto do ministro na relatoria da Lava Jato no STF. A um representante do Instituto Mude, de Curitiba, Deltan mostrou-se contrário à possibilidade de a função ser assumida por Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes ou Marco Aurélio.

O ministro Edson Fachin acabou se transferindo para a 2ª Turma do STF e assumiu a relatoria. Mas os integrantes da operação preferiam que fosse Luís Roberto Barroso. Deltan conta que chegou a fazer um pedido ao ministro: “Ele ficou alijado de todo processo. Ninguém consultou ele em nenhum momento. Há poréns na visão dele em ir, mas insisti com um pedido final. É possível, mas improvável”.

Em fevereiro de 2017, diante da possibilidade de o Supremo rever seu entendimento que permitia a prisão em segunda instância, o procurador articulou com sua colega, Thaméa Danelon, uma forma de pressionar o recém-empossado ministro Alexandre de Moraes a votar pela manutenção da medida.

Com a participação de um assessor não identificado pelo Intercept, Deltan combinou com Thaméa a divulgação de vídeos, através dos movimentos Nas Ruas e Vem Pra Rua, que mostrassem que Alexandre de Moraes já havia se manifestado favoravelmente à prisão em segunda instância para pressioná-lo a manter este posicionamento.

Em conversa com a procuradora, Deltan a estimulou a enviar aos movimentos um vídeo com a posição de Moraes. “Boa Tamis, acho que é por aí. É uma mensagem que deposita confiança e ao mesmo tempo empareda. Um jeito elegante de pressionar rs”, disse em um chat do Telegram.

O procurador chegou a sugerir uma “edição bacana” no vídeo usado para pressionar Moraes, mas expressa sua preocupação em manter-se oculto. “Se puder, assume a sugestão como sua. Quando menos FTLJ [força-tarefa da Lava Jato] aparecer nisso, melhor”, escreveu Deltan. “Fique tranquilo. Nem menciono seu nome!”, respondeu Thaméa.

Em março de 2018, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguir um salvo-conduto para não ser preso até o julgamento de um habeas corpus preventivo no Supremo, Dallagnol também articulou com Thaméa a criação de abaixo-assinados de grupos da sociedade em apoio às 10 medidas contra a corrupção elaboradas pelo MPF.

Continua após a publicidade

“Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk”, disse o procurador. “Um abaixo assinado da população, mas isso tb nao pode sair de nós… o Observatório vai fazer. Mas não comenta com ng, mesmo depois. Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia. No primeiro, ia pedir pra Vc divulgar nos grupos. Daí o pessoal automaticamente vai postar etc”.

De acordo com os diálogos, a estretágia funcionou. Thaméa disse que a ideia foi encampada pelo Observatório Social, também sediada em Curitiba, e pelo Vem Pra Rua. Mais tarde, Deltan compartilhou a petição em sua conta no Facebook. “Temos que cuidar pra não parecer pressão. Se não estivéssemos na LJ, o tom seria outro kkkkk. Ia chutar o pau da barraca rs. Depois chutava a barraca e eles todos tb kkk”. A procuradora respondeu: “Eu colocava todos na barraca e metralhava kkkk”.

Procurado, o MPF disse que não se manifestaria. Ao site, o órgão reafirmou que não reconhece as mensagens e que “é lícito aos procuradores da República interagir com entidades e movimentos da sociedade civil e estimular a causa de combate à corrupção”. O órgão também confirma que Deltan Dallagnol conhece os integrantes do Instituto Mude e fez doações “que permitiram o desenvolvimento de um curso online de cidadania”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.