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Denúncia contra Crivella provoca crise na campanha de Eduardo Paes

Marqueteiro Marcelo Faulhaber foi alvo da mesma operação contra prefeito do Rio e pode deixar de ser estrategista do ex-prefeito na eleição deste ano

Por Cássio Bruno Atualizado em 15 set 2020, 15h51 - Publicado em 15 set 2020, 14h15

Após virar réu na Justiça Eleitoral por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) enfrenta nova crise. Desta vez, dentro da própria pré-campanha. Paes é candidato novamente ao cargo que ocupou por dois mandatos, entre 2009 e 2016. Aliados dele defendem a saída imediata de seu principal estrategista, o marqueteiro Marcelo Faulhaber, segundo apurou VEJA. Faulhaber, que já trabalhou com Paes em eleições passadas, pode deixar em breve o posto. Ele está entre os denunciados na segunda fase da Operação Hades, que investiga o “QG da propina” na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos). Crivella foi alvo da mesma ação e tentará a reeleição.

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Economista por formação, Marcelo Faulhaber é o personagem central que liga as histórias políticas entre Eduardo Paes e Marcelo Crivella. Os dois são os principais concorrentes à prefeitura da capital em novembro. O marqueteiro foi subchefe da Casa Civil da administração de Paes. Depois de romper com o ex-prefeito, ele atuou como subsecretário de Planejamento da prefeitura de Belo Horizonte (MG) e, em seguida, fez parte do grupo de transição de Crivella, em 2017. Ajudou ainda a fazer os primeiros decretos do prefeito recém-eleito embora não tenha sido nomeado para o governo. Em 2018, Faulhaber voltou para a equipe de Paes na disputa pelo governo estadual.

Marcelo Faulhaber estava morando em Portugal. Retornou ao Brasil a convite de Eduardo Paes para coordenar sua campanha. Na semana passada, Faulhaber foi apontado pelo Ministério Público estadual como um dos integrantes do esquema criminoso do chamado “QG da propina” no governo Crivella. O clima ficou insustentável. Por este motivo, integrantes da campanha de Paes avaliam que o ex-prefeito já tem problemas demais para responder aos futuros ataques dos adversários. Paes sofreu busca e apreensão no último dia 8 sob a suspeita de ter recebido propina de 10,8 milhões de reais, por meio de caixa dois, nas eleições de 2012. Paes negou veementemente qualquer irregularidade neste caso.

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Um dos mais insatisfeitos com a presença de Marcelo Faulhaber na campanha de Eduardo Paes é o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), braço-direito do ex-prefeito e principal articulador político da aliança. Paes conta o apoio do PL, PSDB, Democracia Cristã, PV, Cidadania e Avante. Procurado por VEJA, o parlamentar afirmou apenas que “não responde pela campanha” do amigo. “Estou focado no meu mandato”, desconversou Pedro Paulo.

O marqueteiro Marcelo Faulhaber aparece em várias conversas por mensagens de celular interceptadas pela Operação Hades com o empresário Rafael Alves. Mesmo sem cargo na prefeitura do Rio, Alves tinha forte influência na gestão de Marcelo Crivella, segundo as investigações, com direito a uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, identificada como sendo o “QG da propina” de um esquema de corrupção com consentimento do prefeito, que também nega participação. No local, funciona ainda a Empresa Municipal de Turismo (RioTur), que teve como presidente o irmão de Rafael, Marcelo Alves.

Paes ainda não comentou. Faulhaber disse em nota: “Não há qualquer crise na campanha do Eduardo Paes ou qualquer divergência com o deputado Pedro Paulo. Seguimos fazendo parte da equipe de estratégia e comunicação da campanha”.

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