Deputado do PT pedirá prisão preventiva de Nelson Wilians na CPMI do INSS
Alvo de operação da PF, advogado é suspeito de lavar dinheiro das fraudes bilionárias nas aposentadorias dos idosos
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) vai apresentar um requerimento na CPMI do INSS para pedir a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians, um dos alvos de operação da Polícia Federal (PF), deflagrada na semana passada, que investiga o esquema que desviou 4 bilhões de reais das aposentadorias e pensões dos idosos.
A PF suspeita que Wilians utilizava suas empresas para lavar o dinheiro desviado pelas associações ligadas ao empresário Maurício Camisotti a partir dos descontos ilegais feitos na folha de pagamento dos segurados do INSS. Os investigadores identificaram elevadas transações bancárias realizadas entre eles que somam mais de 28 milhões de reais — um “vínculo financeiro direto”, na avaliação da polícia.
“Há veementes indícios de materialidade e autoria em face de Nelson Wilians, advogado e empresário com participação ativa em estruturas que deram suporte às fraudes contra aposentados e pensionistas”, diz um trecho do requerimento apresentado pelo parlamentar petista.
Durante a operação da semana passada, agentes da PF localizaram nos endereços do advogado carros de luxo, como um Rolls-Royce, avaliado em 11 milhões de reais, uma adega cheia de vinhos importados com garrafas que custam mais de 50 000 reais, relógios, armas e dezenas de obras de arte.
Documentos coletados pela polícia apontam também que diversos carros usados por Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, suspeito de ser operador do esquema criminoso, estavam registrados em nome de empresas de Wilians, reforçando as suspeitas dos investigadores de que isso tenha sido feito para ocultar patrimônio e lavar dinheiro das fraudes.
Nesta mesma ação, Camisotti e Antunes foram presos. A PF até chegou a solicitar a prisão de Wilians por envolvimento no esquema, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, relator deste inquérito, negou o pedido.
“A manutenção da liberdade de Nelson Wilians compromete a ordem pública, ameaça a instrução criminal, uma vez que há indícios de intimidação de testemunhas e ocultação de bens, e coloca em risco a aplicação da lei penal, considerando o poder econômico e político que detém”, escreveu Rogério Correia, em outro trecho do requerimento apresentado à CPMI.
Retiradas suspeitas
Governistas da CPMI vão aproveitar as próximas sessões para questionar oposicionistas da comissão sobre os motivos que levaram alguns deles a retirar de pauta os requerimentos em que pediam a convocação de Wilians para prestar depoimento no colegiado. Os petistas identificaram que o senador Izalci Lucas (PL-DF) e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) apresentaram pedidos para ouvir o advogado, mas voltaram atrás na véspera da operação que mirou Wilians.
Em nota, a defesa de Nelson Wilians nega ele tenha cometido qualquer irregularidade. O texto comunica que o advogado não responde a nenhuma ação penal na Justiça, não foi denunciado pelo Ministério Público e nunca foi condenado por qualquer ilícito. Ainda segundo o texto, o advogado de Wilians destacou que as alegações feitas contra ele são ilações e interpretações unilaterais, além de informar que ele não conhece o “Careca do INSS”.
“Nelson Wilians jamais teve qualquer relação pessoal, profissional ou comercial com essa pessoa, e sequer tinha conhecimento de sua existência antes das notícias sobre o escândalo do INSS”, diz um trecho da nota, assinada por Santiago André Schunck.
Leia a íntegra da nota:
Em razão das declarações recentemente divulgadas envolvendo o nome do advogado e empresário Nelson Wilians, cumpre esclarecer que:
Nelson Wilians não responde a qualquer ação penal, não foi denunciado pelo Ministério Público e jamais foi condenado por qualquer ilícito.
As alegações feitas contra ele têm por base ilações e interpretações unilaterais, que não foram confirmadas por qualquer decisão judicial.
Importa destacar que, quando provocado, o Supremo Tribunal Federal indeferiu expressamente pedido de prisão apresentado pela Polícia Federal, reconhecendo a ausência dos requisitos legais para medida tão extrema.
Essa decisão reforça a inexistência de elementos concretos que justifiquem qualquer restrição à sua liberdade.
É absolutamente falsa e irresponsável a tentativa de vincular o nome de Nelson Wilians ao indivíduo conhecido como “Antonio Carlos Camilo Antunes”, apelidado de “Careca do INSS”.
Nelson Wilians jamais teve qualquer relação pessoal, profissional ou comercial com essa pessoa, e sequer tinha conhecimento de sua existência antes das notícias sobre o escândalo do INSS.
A alegação de que veículos utilizados por esse indivíduo estariam registrados em nome de empresas ligadas a Wilians é uma conclusão precipitadas e é uma mentira, sem lastro probatório e que distorce completamente os fatos, tentando forçar um elo inexistente.
Nelson Wilians reitera sua plena disposição para colaborar com as investigações, prestar esclarecimentos e apresentar toda a documentação necessária para demonstrar a licitude de suas atividades empresariais e profissionais, que sempre foram conduzidas com transparência e dentro da legalidade.
Reafirmamos, por fim, que o devido processo legal, a presunção de inocência e o direito à ampla defesa são pilares do Estado Democrático de Direito, devendo prevalecer sobre acusações precipitadas e julgamentos midiáticos que apenas confundem a opinião pública.