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Desdobramento da Lava Jato mira doleiros em operação

Ação da PF em conjunto com MPF teve como base delação de dois operadores que trabalhavam em esquema que movimentou US$ 1,6 bilhão em 52 países

Por Da Redação Atualizado em 3 Maio 2018, 13h51 - Publicado em 3 Maio 2018, 07h50

A Polícia Federal cumpre mandados de prisão contra doleiros que operavam no Brasil e no exterior, nesta quinta-feira. As ordens da operação Câmbio, Desligo, um desdobramento da Lava Jato em conjunto com o Ministério Público Federal, foram determinadas pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A operação também mira clientes.

São cumpridos um total de 43 ordens de prisão preventiva no Brasil e seis de prisão preventiva no exterior, quatro de prisão temporária, e 51 mandados de busca e apreensão. Os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal e também no Paraguai e Uruguai.

Personagens recorrentes em esquemas de corrupção, os doleiros comercializam moeda estrangeira à margem da legislação e das normas do Banco Central, que tem autoridade sobre estas transações. A atuação desses “prestadores de serviço” está relacionada aos crimes de evasão de divisas (envio de dinheiro sem declaração para o exterior, geralmente paraísos fiscais) e lavagem de dinheiro (ocultação de bens oriundos de práticas ilegais).

A delação é resultado da delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony. Ambos revelaram a existência de um sistema chamado Bank Drop, composto por 3 mil offshores em 52 países, e que movimentava US$ 1,6 bilhão. Segundo a PF a organização criminosa era liderada por Dário Messer, considerado o maior doleiro do Brasil, e também alvo da operação — com residência no RJ e no Paraguai, ele está na mira da Justiça desde o caso Banestado.

“Doleiro dos doleiros”

Dário Messer é um antigo doleiro do Rio de Janeiro que após o caso Banestado – maior escândalo de lavagem de dinheiro da história do Brasil – mudou sua banca para o Uruguai e para o Paraguai. Segundo as investigações, ele é o nome por trás do operador Juca Bala, apontado pela Lava Jato do RJ como um dos responsáveis por lavar o dinheiro desviado pelo grupo do ex-governador Sergio Cabral (MDB). Na delação dos executivos da Odebrecht, Juca Bala é apontado como um laranja de Messer no Uruguai.

Na primeira delação de Alberto Youssef, em 2004, o doleiro aponta Messer como um dos “doleiros de doleiros”, responsável por dar “cobertura de mercado” a outros operadores financeiros menores que atuavam no dólar-cabo e em outras transações para lavagem de dinheiro. Em um depoimento dado em 2004 ao juiz Sergio Moro e aos procuradores da força-tarefa CC5, Youssef disse que naquela época eram poucos “doleiros de doleiros” no Brasil e que um deles, além do próprio Youssef, era Messer.

Operador de uma das contas da Beacon Hill – conta-ônibus no JP Morgan Chase, de Nova York, no qual vários doleiros brasileiros mantinham sub-contas, Messer foi um dos alvos da operação Farol da Colina, sob tutela do até então desconhecido juiz Sergio Moro. Somente na Beacon Hill, as autoridades encontraram movimentações de US$ 13 bilhões provenientes de brasileiros.

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Quando os investigadores do Banestado chegaram a Messer, ele se mudou, segundo Youssef, para o Uruguai. “A mesa do Messer foi para o Uruguai, eles estão trabalhando lá com sistema de call back, o Juan Miguel que é do Integracion também está no Uruguai, também estão trabalhando com o sistema call back. Sobrou o pessoal do Rio que está lá, estão quebrados, mas ainda continuam no mercado operando um pouco”, afirmou o doleiro que deu origem à Lava Jato.

(com Estadão Conteúdo)

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