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‘O pai vai deixar?’, questionou Deltan sobre investigação contra Flávio

Em conversa por Telegram, procurador mostra receio em se posicionar sobre caso Queiroz e teme que presidente não 'banque' pauta anticorrupção de Moro

Por Da Redação Atualizado em 22 jul 2019, 07h45 - Publicado em 22 jul 2019, 00h50
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  • Chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol levantou dúvidas se o presidente Jair Bolsonaro permitiria que um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), fosse investigado no caso das movimentações atípicas na conta de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Em conversas obtidas pelo site The Intercept e divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo neste domingo, 21, o magistrado afirma que Flávio “certamente será implicado em corrupção”, mas questiona: “Será que o pai vai deixar?”

    Os diálogos mostram Dallagnol conversando com o também procurador da operação Roberson Pozzobon em dezembro de 2018 – na época em que vieram a público as movimentações financeiras de Queiroz, incluindo um repasse de 24 mil reais para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Dallagnol e Pozzobon discutem sobre a necessidade ou não de se posicionarem sobre o caso.

    “Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco como com RD [Raquel Dodge, procuradora-geral]. Vamos depender dele pra reformas… Não sei se vale bater mais forte”, diz Deltan Dallagnol. As mensagens aqui são reproduzidas tal como aparecem nas conversas e foram publicadas na Folha de S. Paulo, mantendo eventuais equívocos gramaticais.

    Não fica claro a quem o procurador se refere quando fala em “depender dele”. Momentos antes, em outro grupo, Dallagnol disse que “certamente” seria questionado a respeito do caso Flávio e indica acreditar na culpa do senador.

    “É óbvio o q aconteceu… E agora, José?”, escreveu o procurador, após enviar no grupo o link de uma reportagem sobre o caso.

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    “Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho [Flávio Bolsonaro] certamente. O problema é: o pai [Jair Bolsonaro] vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo [para Sergio Moro]?”, prossegue Dallagnol.

    Em outro momento, ele se questiona o quanto Bolsonaro “vai bancar a pauta anticorrupção [de Moro] se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”. Nas mensagens, o procurador afirma que o presidente teria interesse em “aparelhar” a Procuradoria-Geral da República.

    Respondendo Dallagnol, Pozzobon afirma: “Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse. A questão é quanto ele estará disposto a ficar no cargo com isso ou se mais disso vir”.

    Sergio Moro não reconhece a autenticidade do material obtido pelo Intercept. Em parceria com o site, VEJA é um dos veículos que examinam mensagens da força-tarefa da Lava Jato. Em reportagem são divulgados diálogos que mostram a colaboração entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e Moro. Na prática, o hoje ministro atuava como o chefe da força-tarefa, desequilibrando a balança da Justiça em favor da acusação.

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