Dilma, Boulos e Stédile darão aulas em curso sobre a esquerda
Pós-graduação "A Esquerda no Século XXI" custará R$ 7.200 e terá aulas em Chapecó (SC). Petista falará sobre "partidos políticos e a esquerda brasileira"
A ascensão da esquerda ao poder no Brasil e na América Latina será tema de uma pós-graduação em Chapecó (SC). “A Esquerda no Século XXI”, nome do curso organizado pelo deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) e o Instituto Dom José Gomes, terá entre os professores, além do próprio Uczai, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), líderes de movimentos sociais como Guilherme Boulos, do MTST, e João Pedro Stédile, do MST, e intelectuais de esquerda.
O curso vai durar um ano, ao custo de 7.200 reais, divisíveis em 12, 18 ou até 24 vezes, e terá aulas quinzenais às sextas (entre 19h e 23h) e sábados (das 8h às 12h e das 13h às 17:30). Dilma lecionará a matéria “Partidos Políticos e a Esquerda Brasileira”, com carga horária de 30 horas, divididas igualmente com o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra (PT). A ex-presidente assumirá a sala de aula nos dias 1º e 2 de setembro e Dutra, nos dias 29 e 30 de setembro.
O hotel Lang Palace, um quatro estrelas cujas diárias variam de 171 reais a 366 reais, abrigará as aulas. Há na hospedaria um anfiteatro com capacidade para 410 pessoas e um salão nobre, onde podem ser acomodadas outras 600. Eventualmente, segundo a organização do curso, as disciplinas podem ser ministradas em uma sala disponibilizada pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), uma das parceiras da iniciativa, ao lado do Instituto Perseu Abramo, ligado ao PT.
As aulas, que são presenciais, deveriam ter começado no dia 14 de julho, sexta-feira da semana passada, com uma palestra do sociólogo Emir Sader, mas o Instituto Dom José Gomes recebeu mais e-mails de interessados que o esperado e o início foi adiado para o dia 4 de agosto.
Cerca de 510 pessoas manifestaram interesse pelo curso, que tem apenas 70 vagas – se fosse uma das carreiras da Universidade de São Paulo (USP), seria a 75º mais concorrida no vestibular de 2017, com 7,2 candidatos por vaga, à frente de formações como Geografia (6,6 candidatos/vaga) e Pedagogia (6 candidatos/vaga). A notícia de que as aulas não poderiam ser acompanhadas à distância reduziu o número de pretendentes a 100.
Segundo Pedro Uczai publicou em seu site, a pós-graduação tem como objetivo “mobilizar grandes referências teóricas e lideranças políticas de esquerda do Brasil e da América Latina para compartilhar conhecimento e aprofundar a reflexão sobre o futuro da esquerda no século XXI”.
Apesar do nome, a pós graduação não é destinada apenas a alunos com ensino superior. Das vagas disponíveis, 50 são para pessoas com diploma universitário e as outras 20 estão reservadas a quem deseja um diploma de extensão. Entre os requisitos levados em conta no processo seletivo, a ordem de inscrição é apenas o quinto critério de desempate. Quem tiver militado em organizações civis ou for indicado por “entidades da classe trabalhadora” tem preferência.
Até agora, incluindo Dilma Rousseff e Olívio Dutra, há 13 nomes confirmados no corpo docente da pós-graduação “A Esquerda no Século XXI”. Alguns exemplos são Guilherme Boulos, que lecionará “movimentos sociais urbanos e a esquerda no Brasil”; João Pedro Stédile, que tratará de “movimentos sociais do campo e a esquerda no Brasil”; o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), que ensinará “cultura, diversidade e experiências socialistas”; e as ex-ministras petistas Eleonora Menicucci e Nilma Lino, que dividirão a cadeira de “igualdade étnico-racial e de gênero e a esquerda no Brasil”.
Ainda não foram confirmados entre os professores-palestrantes os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ex-chanceler Celso Amorim, o teólogo e escritor Leonardo Boff e o ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) João Felício.
Veja abaixo a grade curricular da pós-graduação: