Após o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ter feito um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizendo que ele pode fazer a “travessia” do país em caso de eventual sucessão do presidente Michel Temer (PMDB), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira que o líder nacional do partido não pode tomar “decisões dessa natureza individualmente”. Doria pediu “cuidado e atenção na tomada de decisões”.
O prefeito tucano defendeu que o PSDB precisa ouvir parlamentares, governadores e prefeitos da legenda para tomar uma decisão compartilhada. A declaração foi dada após evento no Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, que também contou com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) – ele não quis falar com a imprensa.
“Entendo que o PSDB, para tomar uma medida, deve construir isso dentro de uma reunião. Não creio que apenas o presidente, ainda que com todo respeito que devemos ao senador Tasso Jereissati, possa tomar uma decisão dessa natureza individualmente”, disse Doria. “É uma decisão que deve reunir as lideranças do partido e minimamente a Executiva Nacional, e aí sim se tomar a decisão.”
O prefeito de São Paulo desconversou quando questionado sobre sua posição pessoal. “Não cabe a mim essa decisão. Essa é uma decisão da Executiva”, afirmou. Doria reconheceu que a crise política cresceu e que a situação do governo Temer “piorou nas últimas semanas”. Segundo ele, “isso é de uma evidência muito clara”.
Entendo que o PSDB, para tomar uma medida, deve construir isso dentro de uma reunião. Não creio que apenas o presidente, ainda que com todo respeito que devemos ao senador Tasso Jereissati, possa tomar uma decisão dessa natureza individualmente
João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo
Na quinta-feira, Tasso reclamou que “não dá para viver cada semana uma nova crise” e que “está na hora de buscar alguma estabilidade” para o Brasil. Embora tenha dito que ainda é “precipitado” falar em nomes para uma “transição”, o senador afirmou que o candidato “tem que ser alguém que dê governabilidade” para o país até as eleições de 2018.
“Na travessia, se vier, têm várias opções. Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Rodrigo Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já, seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o país”, declarou Tasso. O senador disse que está sempre aberto para tratar de uma “saída negociada” com Temer.
(Com Estadão Conteúdo)