Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

E-mail confirma acusações de Palocci contra Lula

Em mensagem, Odebrecht relata cobrança de propina devida ao ex-presidente por contratos na Líbia. VEJA revelou a lucrativa relação de Lula com Kadafi

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 mar 2018, 20h07 - Publicado em 1 mar 2018, 15h39

O empreiteiro Marcelo Odebrecht entregou ao juiz Sergio Moro, na quarta-feira 28, um conjunto de e-mails que mostram como funcionava a parceria criminosa da construtora com figuras de proa do governo do ex-presidente Lula. As mensagens foram apresentadas à Justiça como provas de que a Odebrecht bancava uma vida de comodidades a Lula e a seus familiares, em troca do trabalho do petista como despachante dos interesses da empreiteira. Em um dos e-mails, de 12 de novembro de 2008, Marcelo relata a executivos do grupo uma cobrança de propina que havia recebido de Antonio Palocci, o ex-ministro da Fazenda do petista. Como a Lava-Jato descobriu, Palocci era o responsável por fazer o controle da conta de propina que o PT mantinha com a empreiteira. Naqueles idos do segundo mandato de Lula, a Odebrecht havia conquistado contratos bilionários no regime do ditador Muamar Kadafi, na Líbia. Era de olho no faturamento desses negócios que Palocci, segundo Marcelo, “insinuou” que a Odebrecht teria “compromissos políticos” a honrar com Lula.

Na mensagem, Marcelo se refere a Palocci como “Italiano”. Lula é identificado como “Amigo”. Os dois codinomes eram usados pela empreiteira para se referir aos petistas no famoso sistema de propinas da Odebrecht. O então chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, por exemplo, era citado pelo codinome “Seminarista”, o mesmo que aparece no e-mail. “O italiano insinuou (ou jogou verde para colher maduro) que um contato de lá (Muktah) insinuou ao seminarista (cuidado pois o seminarista não quer que o italiano diga que foi ele) que em função das obras que conquistamos estavam entendendo que tínhamos cumprido nossos compromissos políticos aqui, com o amigo de meu pai”, escreve Marcelo Odebrecht. “Expliquei ao italiano que nossas obras lá são por custo reembolsável (em parceria, uma delas com uma estatal) e de margem apertada e que não tivemos nenhuma orientação neste sentido de inserir nada para dar aqui”, complementou o empreiteiro.

A mensagem não permite concluir se Marcelo Odebrecht conseguiu convencer o “amigo de meu pai” de que a Odebrecht não teria recebido do regime Líbio orientação “neste sentido de inserir nada para dar aqui”. Meses depois do e-mail da Odebrecht, Lula viajou à Líbia e encontrou Kadafi, ocasião em que saudou o ditador como “meu amigo, meu irmão e líder”. Como VEJA revelou em dezembro de 2017, Palocci, condenado a doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, há meses negociava um acordo de delação premiada. Em troca de redução de pena, ele se comprometia a contar detalhes de mais de uma dezena de crimes dos quais participou. Trechos da colaboração tratavam das relações financeiras de Lula com o ditador líbio e a Odebrecht.

Segundo Palocci, em 2002, ele recebeu uma missão delicada: Kadafi disponibilizara 1 milhão de dólares, o equivalente a 4 milhões de reais na época, para apoiar a campanha de Lula. Cabia a ele, homem de confiança do candidato e também responsável informal pelas finanças do partido, cuidar da “internalização” do dinheiro. Em outras palavras, o ex-ministro foi incumbido de encontrar um jeito de colocar o dinheiro dentro do Brasil sem chamar a atenção das autoridades nem deixar rastros de sua origem. Nos relatos entregues aos investigadores, os chamados “anexos”, o ex-ministro afirma que cumpriu a missão e promete exibir comprovantes da operação. Palocci pretende revelar os detalhes da transação – quem deu a ordem, quem intermediou, como o dinheiro chegou ao Brasil e de que forma ele foi utilizado – caso o acordo de colaboração seja assinado.

Fundador do PT, ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP), ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci esteve no centro das mais importantes decisões do partido nas últimas duas décadas. Nesta quinta-feira, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Lula não poupou o antigo parceiro ao tentar se defender de suas acusações: “O Palocci demonstrou gostar de dinheiro. Quem faz delação quer ficar com uma parte daquilo de que se apoderou. Não vejo outra explicação”.

24862472_10155625837660617_2754248087089526588_n
A capa de VEJA, publicada em dezembro de 2017, que revelou detalhes da proposta de delação do ex-ministro Antonio Palocci (Veja/Divulgação)
Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.