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Eduardo Bolsonaro vira ‘garoto-propaganda’ na defesa de armas

Deputado federal amplia participação nas redes sociais para defender mudanças na legislação e se torna "rosto público" da família na causa armamentista

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 8 jan 2019, 16h35 - Publicado em 8 jan 2019, 12h01

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, se tornou o “rosto público” da causa armamentista na família. Nos últimos dias, o parlamentar mais votado na história do País aumentou a quantidade de publicações sobre o tema nas redes sociais e tem dado detalhes do que entende como mudanças necessárias na lei para facilitar a posse e o porte de armas no Brasil.

As publicações no Twitter e no Facebook contam com bate-papos temáticos, vídeos em que o deputado testa pistolas em um clube de tiro, e até dicas para quem quer adquirir sua própria arma. “A primeira coisa que se deve fazer quando você recebe um novo armamento é testá-lo”, escreve o deputado em um deles. “Normalmente quem anda armado gosta de armas, mas além de divertido isso também é um treinamento”.

Nesta segunda-feira, 7, Eduardo publicou uma entrevista que deu a um site especializado em armas de fogo. Na conversa, o parlamentar diz que vai tratar de mudanças na legislação com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e com o pai, Jair Bolsonaro, quando tiver a oportunidade.

O deputado defende uma série de flexibilizações, como facilitar a autorização para transportar e portar armas de fogo fora de casa ou do trabalho, eliminar limites para a compra de munição e liberar armas de todo tipo de calibre para uso do cidadão.

Uma das mudanças que poderiam ser feitas via decreto, na opinião do filho do presidente, é na apresentação de documentos exigidos para a compra de armas, o que inclui a declaração de “efetiva necessidade” para o uso da arma de fogo. A relação de documentos que devem ser apresentados para a compra hoje consta em um decreto de 2004, que poderia ser substituído.

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As regras para posse de arma foram tema das últimas publicações de Eduardo Bolsonaro na internet. Ele considera que a Polícia Federal – que é responsável por emitir a autorização para a compra – não deveria analisar se as justificativas na declaração de efetiva necessidade para são válidas, apenas conferir se todos os documentos exigidos foram apresentados.

O deputado admite, porém, que suas opiniões não serão necessariamente acatadas na decisão do pai. “A gente está falando aqui hoje em um momento em que ninguém sabe o teor do decreto”, diz. O presidente já declarou que tem intenção de facilitar a posse de armas por meio de decreto, sem passar por aprovação do Congresso Nacional.

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Projetos

Em outra frente, Eduardo defende mudanças na legislação que vão além do que pode ser alterado via decreto. O deputado defende um projeto de lei, de autoria do deputado federal Rogério Peninha, que revoga o Estatuto do Desarmamento e excluiria a exigência de uma declaração para comprovar a necessidade da posse da arma. O projeto deve entrar na pauta do Congresso neste ano.

Outra mudança que o deputado dá como certa no novo governo é a abertura do mercado de armas para empresas estrangeiras. Nas redes sociais, ele critica a discrepância entre os preços nos Estados Unidos e no Brasil – de mais de 600% em alguns casos, segundo sua própria pesquisa. “Dar acesso ao cidadão sem abrir o mercado nacional não faz sentido, vai permitir que apenas ricos tenham a legítima defesa e privilegia uma monopolista nacional de armas”, escreveu.

O deputado ainda defende a proposta de que atiradores esportivos tenham licença automática para o porte (quando há permissão para ter a arma fora de casa ou do local de trabalho) e até vincula essa questão a um voluntarismo de pessoas treinadas no combate ao crime.

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“O atirador é muito bem preparado. É uma pessoa que está toda hora lidando com uma arma de fogo. Muitas vezes, comumente, muito mais do que o próprio policial”, disse, na entrevista em vídeo. “Você vai multiplicar o efetivo de pessoas que podem ajudar na segurança pública sem gastar um centavo.”

Em seguida, ele nega que a flexibilização vá incentivar que alguns façam voluntariamente o trabalho da polícia. “Ninguém está querendo comprar uma arma de fogo para subir a favela e achar que é o Rambo.”

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