O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), classificou como um “abuso” o fato de ter sido informado pela Polícia Federal no início da manhã desta terça-feira, 5, sobre um depoimento que deveria prestar ao órgão. A PF foi até a residência do senador, em Brasília, chamá-lo para prestar esclarecimentos em uma investigação da qual é alvo.
A operação, autorizada pelo ministro Edson Fachin, integra um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal a partir das delações premiadas do executivo Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais o Grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
A investigação, iniciada em maio de 2018, apura supostos pagamentos de propina do Grupo J&F a parlamentares do MDB para apoiar o PT nas eleições de 2014. Além das convocações de Braga e Renan, foram expedidos mandados de busca e apreensão e sequestro de bens.
Em sua delação, Saud disse ter havido pagamentos da ordem de 46 milhões de reais a senadores do MDB, a pedido do PT. De acordo com o executivo, apesar de diversas doações terem sido oficiais, trata-se de “vantagem indevida”, já que dirigentes petistas estariam comprando o apoio de peemedebistas nas eleições de 2014 para garantir a aliança entre os dois partidos.
“Eu acho que, para que eu fosse notificado de um agendamento de oitiva, não precisava ser às 7 horas da manhã, podia ser a qualquer momento. Eu tenho local certo e conhecido, não só em Brasília, como no meu Estado”, disse o senador. “Não sou daqueles que respondem de forma desequilibrada, mas creio que este é um dos abusos que nós precisamos evitar no Brasil.” Os advogados, afirmou Braga, buscarão uma reparação na Justiça. A defesa, alegou, ainda não teve acesso à decisão judicial que autorizou o depoimento.
Pela manhã, o secretário-adjunto da Mesa Diretora do Senado, José Roberto Leite de Matos, assinou um documento certificando compromissos de Braga no Senado e citando uma regra do Código Penal determinando que senadores sejam ouvidos em data e local previamente agendadas pelo parlamentar e o juiz.
Renan
No Twitter, outro investigado na operação intimado a depor, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), também criticou a investigação. “Marcarei o depoimento. Sou o maior interessado no esclarecimento dos fatos. Isso é a obra prima do conluio entre Sérgio Machado, JBS, a advogada Fernanda Tórtima (ligada à JBS) e o ex-procurador Marcelo Miller (que atuava com Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República e também prestou serviços a escritório de advocacia que atuou para a JBS). Os fatos ocorrem no momento em que a PGR renova o pedido de anulação da delação.
A operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro Edson Fachin nesta terça-feira, 5, integra um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal a partir das delações premiadas do executivo Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais o Grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
(Com Estadão Conteúdo)