As eleições municipais deste ano bateram recorde de candidaturas: 60,4 mil inscrições a mais do que no pleito de 2016. Ao todo, a Justiça Eleitoral recebeu mais de meio milhão de registros, dos quais 97% foram considerados aptos, para a disputa de 67,8 mil cargos eleitorais. Com a concorrência acirrada, é preciso ter um diferencial para conquistar a atenção do eleitorado e garantir cada voto. Por isso, muitos postulantes usam como estratégia a adoção de apelidos excêntricos para suas campanhas. Pelo menos 15 mil candidatos incluíram o título de “professor” ao nome que aparece na urna, enquanto 7 mil apostam no termo “doutor”.
De acordo com a legislação, os postulantes possuem liberdade para escolher as denominações que utilizarão no sistema de votação, embora precisem respeitar algumas limitações. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato pode usar nome, sobrenome ou apelido desde que tenha no máximo 30 caracteres e não gere dúvidas quanto a sua identidade, não atente ao pudor nem seja “ridículo”. VEJA reuniu as principais curiosidades que aparecerão nas telas das urnas na hora que os eleitores forem votar próximo dia 15 de novembro.
O levantamento mostra que as alcunhas cristãs estão em voga. Quase 4.800 aspirantes às cadeiras legislativas se autodenominam como pastor ou pastora e outros 4 mil como irmãs/irmãos, além de 143 padres. Já os substantivos “Deus” e “igreja” batem ponto por 598 vezes. Outro fator que chama a atenção é a quantidade de candidatos que adotam expressões relacionadas aos seus estabelecimentos. Os complementos “do bar”, “do posto”, “da farmácia” e “do salão” surgem em mais de 4 mil fichas. Há, ainda, quem busque a simpatia — e o voto — por aproximação: são 1 387 “do povo” e 343 “amigos” disputando o próximo sufrágio.
As patentes militares estão entre as preferidas dos representantes das forças de segurança e alcançaram, em 2020, número recorde dos últimos 16 anos. Uma estratégia comum entre os concorrentes é a inclusão de sobrenomes famosos, como Bolsonaro, escolha de 89 candidatos, e Lula, usado por mais de 200. Nem os americanos Barack Obama e Donald Trump escapam: o primeiro aparece 21 vezes e o segundo, 3. Despreocupados com o duplo sentido da palavra na política, 72 candidatos acrescentaram a fruta “laranja” ao codinome eleitoral. Vai ser preciso esperar até o resultado do pleito para saber se as artimanhas surtiram efeito. A conferir.