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Em Israel, Bolsonaro defende homenagem a torturador da ditadura

Presidente disse que sabe de suas responsabilidades, por isso não cederá às pressões daqueles que 'não estão de acordo com antepassados'

Por Julia Braun, de Jerusalém
Atualizado em 2 abr 2019, 15h53 - Publicado em 2 abr 2019, 14h14
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  • Em evento com brasileiros residentes em Israel nesta terça-feira, 2, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos expoentes da repressão e reconhecido torturador do período da ditadura militar (1964-1985). Bolsonaro gerara polêmica ao tê-lo homenageado, em 2016, durante a votação na Câmara dos Deputados do impeachment de Dilma Rousseff, torturada por Ustra.

    “As palavras ali proferidas por mim tiveram impacto dentro e fora do Brasil por alguns dias, mas eram palavras que estavam sedimentadas em João 8:32: a verdade tinha que ser conhecida”, afirmou o presidente.

    O trecho bíblico ao qual o presidente se referiu, sempre citado por ele em seus discursos, é do Evangelho de São João: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

    Durante seu discurso para um grupo de brasileiros da cidade de Raanana, Bolsonaro falou sobre as expectativas das pesquisas eleitorais em torno de sua eleição após o discurso sobre Ustra. “Um dono de instituto de pesquisa alguns dias depois falou que, depois daquele meu voto, eu nem sequer me elegeria vereador da capital do meu Estado do Rio de Janeiro”, disse. “E aconteceu exatamente o contrário.”

    Em novembro de 2016, em sessão do Conselho de Ética da Câmara que discutia o afastamento da então presidente Dilma, Bolsonaro dedicou seu voto em favor do impeachment à “memória do coronel Brilhante Ustra”. Na época, ele era deputado federal pelo Rio de Janeiro.

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    Nesta terça, o presidente disse que sabe de suas responsabilidades, por isso não cederá às pressões daqueles que “não estão de acordo com nossos antepassados”. Também declarou, no Museu do Holocausto, em Jerusalém: “Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro”.

    “Sabemos da nossa responsabilidade, por isso não cederemos àqueles que teimam ainda ir pelo caminho que não está de acordo com as suas práticas, que não está de acordo com os nossos antepassados que muito fizeram para que aquela grande pátria continuasse unida, coesa, buscando dias melhores para o seu povo”, disse.

    Democracia e liberdade

    Em seu discurso, o presidente também se definiu como um “democrata nato” e pediu a continuidade da busca pela liberdade no Brasil. “Por mais acusações que eu possa ter, nenhuma comprovada obviamente, sou, além de um patriota, um democrata acima de tudo”, disse.

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    Ao citar o que acredita que foram milagres que o favoreceram, como sua recuperação depois do atentado em Juiz de Fora (MG) e sua eleição, Bolsonaro afirmou que o fim da ideologia de esquerda no Brasil também foi um feito religioso.

    “E mais um milagre aconteceu: nos afastamos da ideologia de esquerda cujo ato final era roubar a nossa liberdade”, disse. “E eu sempre disse que liberdade é mais sagrada ainda que qualquer coisa.”

    Bolsonaro discursou em um evento com aproximadamente 25 representantes da comunidade brasileira de Raanana. A cidade tem por volta de 400 famílias de brasileiros e está localizada a aproximadamente 20 quilômetros de Tel Aviv.

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    O encontro estava marcado para quarta-feira 3, mas foi antecipado para esta terça-feira depois que houve uma grande mobilização de brasileiros residentes em Israel para participar do evento.

    A comunidade de Raanana usou as redes sociais para fazer uma grande convocação para o evento. Reuniões de apoiadores do presidente e protestos de opositores haviam sido marcados para o horário da visita.

    Os assessores de Bolsonaro temeram não ser possível manter o controle e a segurança do presidente.

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    Oficialmente, o governo disse que a alteração aconteceu apenas por motivos de logística e segurança, e para adiantar a agenda do presidente em Brasília na quinta-feira, quando Bolsonaro deve encontrar-se com lideranças do Congresso para debater a reforma da Previdência.

    Para facilitar e poupar o deslocamento, o evento foi realizado no hotel em que a comitiva brasileira está hospedada em Jerusalém. Além do presidente, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, discursaram. Bolsonaro deu a uma das brasileiras no evento uma camisa da seleção e recebeu presentes dos convidados.

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