https://www.youtube.com/watch?v=g3zEtwDWXa8
A primeira manifestação da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) sobre o imbróglio judicial em torno de sua nomeação ao Ministério do Trabalho veio a público nesta segunda-feira. Em um vídeo vazado nas redes sociais, Cristiane aparece acompanhada por quatro homens sem camisa sobre uma lancha, ancorada em uma praia, e ironiza as ações trabalhistas de que foi alvo e que levaram a Justiça a impedir que ela assumisse a pasta.
Os processos foram movidos por motoristas que prestaram serviços a Cristiane Brasil no Rio de Janeiro. Em um dos casos, a escolhida de Michel Temer para o Ministério do Trabalho foi condenada a pagar 60.476 reais ao profissional, que não teve a carteira assinada. Na outra ação, a deputada buscou um acordo para evitar a condenação e concordou em pagar 14.000 reais ao motorista.
No vídeo, Cristiane diz pensar que não devia nada aos profissionais. “Eu tenho pra falar pra vocês o seguinte: todo mundo tem direito de pedir qualquer coisa na Justiça, todo mundo pode pedir qualquer coisa abstrata. O negócio é o seguinte: quem é que tem direito? Ainda mais na Justiça do Trabalho. Eu juro pra vocês, eu juro pra vocês que eu não achava que eu tinha nada para dever para essas duas pessoas que entraram contra mim e eu vou provar isso em breve”, explica a filha do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB.
Nas imagens, dois dos quatro homens que rodeiam a deputada dão manifestações de apoio a ela. Um deles, que diz ser empresário, relativiza o fato de alguém ser alvo de ações trabalhistas. “Posso dar uma declaração aqui como empresário. Ação trabalhista toda hora a gente tem, a gente indeniza, paga e vai…”, afirma ele. “Todo mundo pode ter, eu tenho, ele tem, qualquer um pode ter”, diz outro homem, o que fez a gravação.
Ao final do vídeo, a deputada federal declara que “eu só quero saber o seguinte: quem que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?”.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa de Cristiane Brasil afirma que “a gravação e a divulgação do vídeo foram manifestações espontâneas de um amigo, editadas fora do contexto”. “A deputada reitera ainda o seu respeito à Justiça do Trabalho e à prerrogativa do trabalhador reivindicar seus direitos”, completa.
Posse barrada na Justiça
Indicada no dia 3 de janeiro por Michel Temer para suceder o ex-ministro Ronaldo Nogueira (PTB) no Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil teve a posse barrada pela 4ª Vara da Justiça Federal de Niterói cinco dias depois. A decisão do juiz Leonardo da Costa Couceiro se deu em uma ação popular movida por advogados contra a nomeação dela, após de virem à tona as ações trabalhistas contra a petebista.
A Advocacia-Geral da União (AGU) optou por recorrer ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a decisão. Em meio ao recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), a estratégia da AGU foi evitar recorrer à Corte, o que levaria a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, a decidir monocraticamente sobre o assunto. Dias antes, Cármen já havia barrado o indulto natalino decretado por Temer.
Derrotado nos recursos ao TRF2, o governo conseguiu uma decisão favorável no STJ, tomada pelo vice-presidente do tribunal, ministro Humberto Martins. Horas antes da posse de Cristiane Brasil, no início da semana passada, contudo, Cármen Lúcia suspendeu a nomeação até que a decisão de Martins chegue ao STF. Há a possibilidade de o plenário da Corte decidir sobre a posse da deputada.