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Emílio Odebrecht mandou dar dinheiro a Genoino, diz delator

Alexandrino Alencar conta que mensaleiro, depois de deixar a prisão, recebeu “ajuda humanitária” por causa do seu bom relacionamento com a empreiteira

Por Daniel Pereira, Felipe Frazão, Hugo Marques, Marcela Mattos, Renato Onofre, Robson Bonin, Rodrigo Rangel, Thiago Bronzatto
Atualizado em 13 abr 2017, 14h33 - Publicado em 13 abr 2017, 14h32

Nos depoimentos da delação premiada, o executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar relata aos investigadores da Operação Lava-Jato que o mensaleiro petista José Genoino recebeu pelo menos dois pagamentos de 15 000 reais do grupo Odebrecht a título de “ajuda humanitária”. Segundo Alexandrino, desde os tempos de sindicalista Genoino era um contato de interesse da empreiteira para assuntos relacionados ao setor petroquímico. O petista foi apresentado a Alexandrino nos anos 90, por intermédio do ex-presidente Lula. Da boa relação com Emílio Odebrecht surgiu a preocupação com o estado do mensaleiro quando ele deixou a prisão.

Alexandrino visitou o petista e disse ter constatado as dificuldades financeiras. “Foi uma questão quase humanitária (…) No dia da entrega do dinheiro, eu chegava, ficava conversando com ele sobre cenários políticos e depois entregava o recurso para ele”, disse Alexandrino.

 

 

“Dentro das minhas atividades do grupo, um dos focos principais era o relacionamento com políticos. Eu conheci o José Genoino, no início dos anos 90, por meio do Lula. Ele era na época um líder do partido bastante expressivo. Nós trabalhávamos no projeto da petroquímica brasileira, uma petroquímica de porta internacional, então era um trabalho voltado par que essas lideranças sindicais entendessem qual era esse projeto”, explica Alexandrino. “Ele teve a questão do mensalão. Quando ele saiu, eu procurei na casa dele e tive com ele duas vezes. O próprio Emílio Odebrecht queria saber como ele estava e como a gente poderia ajudar (…) Vi que ele estava com dificuldades financeiras. Ele não me pediu nada, mas você sente quando a pessoa está com dificuldades. Isso realmente me impactou, pela relação que ele tinha e pelo conceito que ele tinha junto ao grupo e junto ao próprio Emílio Odebrecht. Eu procurei o Emílio e disse que o Genoino está com dificuldades. O Emílio me disse, vamos ajudá-lo com alguns recursos. Eu fiz isso pessoalmente. Fiz isso em espécie, pessoalmente. Quatro pagamentos, codinome Natal (…)”, disse Alexandrino.

Outro delator a tratar dos pagamentos a José Genoino foi Carlos Armando Guedes Paschoal. “Eu fui apresentado ao senhor José Genoino pelo Alexandrino Alencar. Fui apresentado na sala de Alexandrino, no Edifício Eldorado, e combinamos que faríamos uma doação de 30 000 reais. Foram duas parcelas de 15 000, uma no dia 24 de agosto e outra no dia 2 de setembro (de 2010). O codinome do candidato era “Natal”. Posteriormente a essa reunião no gabinete do Alexandrino me foi repassado o nome do arrecadador, o nome do contato. (Pergunta: O senhor não se lembra do nome?) Infelizmente, não. (Pergunta: Com o candidato foi tratado diretamente dos valores?) Foi, tratamos dos valores e do parcelamento com o próprio candidato. E aqui teve uma particularidade que, se não me engano, ele não se elegeu, mas me marcou muito porque foi o único candidato, depois das eleições, que nos procurou para agradecer o apoio. O Alexandrino me chamou lá na sala. Me marcou tanto que me lembrou desse detalhe. E ele não se elegeu. (Pergunta: Na Odebrecht vocês não ficaram preocupados, porque em 2010 ele estava respondendo àquele processo do mensalão?) – Ele tava já? Ah sim, porque ele tinha acho que tesoureiro do PT. Não…. (Pergunta: Isso não influía?) Não, não, não tivemos isso não, não me ocorreu. É verdade, ele ficou bem implicado ali porque… Então, teve, porque ele tinha sido acho que foi presidente, ele era presidente do diretório, uma coisa assim, mas não me preocupou. (Pergunta: Como ele era presidente do diretório, ocupava cargo no partido, ele pediu dinheiro só para a campanha dele ou para outros?) Não, só para a campanha dele.

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