Esquema de Witzel tem formato similar ao de Cabral, diz procurador
Assim como o ex-governador, chefe de estado afastado pelo STJ teria usado o escritório de advocacia da primeira-dama para lavagem de dinheiro
O procurador da República Eduardo El Hage afirmou, em pronunciamento na manhã desta sexta, 28, que o esquema operado pelo governador Wilson Witzel (PSC), afastado hoje por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tem “tipologia semelhante” à do esquema operado pelo ex-governador Sérgio Cabral, preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato no Rio. De acordo com El Hage, a semelhança é resultado do fato de os pagamentos serem efetuados através do escritório de advocacia da primeira-dama, hoje Helena Witzel e, no passado, Adriana Ancelmo.
“Os fatos são bem contemporâneos, os pagamentos se deram até 2020 por meio do escritório de advocacia da primeira-dama, uma tipologia muito semelhante à do governo Cabral: a utilização do escritório de advocacia para lavagem de recursos, a contratação de empresas com inexistência de prestação de serviços, a utilização de transportadora de valores, a existência de doleiros no Uruugai. Nessa operação de hoje nós nos vimos em um túnel do tempo, mas, agora, com outros personagens”, prosseguiu El Hage.
Segundo o procurador, quatro empresas efetuavam pagamentos ao escritório da primeira-dama — três delas seriam do empresário Mário Peixoto. “Ele faz o uso de laranjas, mas conseguimos um conjunto probatório muito forte”, disse. El Hage tambem rebateu o pronunciamento do governador afastado e rechaçou um eventual cunho político da Operação Tris in Idem.
“A ação de hoje não teve qualquer motivação política. A peça [da denúncia] está muito bem robusta, muito bem substanciada. A força-tarefa do Rio trabalhou de maneira muito alinhada à Procuradoria-Geral da República”, disse ele, que acrescentou terem sido coletadas provas como e-mails e registros de transações financeiras.
Além de El Hage, participaram do pronunciamento de menos de 20 minutos Felipe Leal, delegado federal, Tacio Muzzi, superintendente da PF no Rio, e Fábio Cardoso do Amaral, fiscal da Receita Federal. Eles não comentaram a situação do vice-governador Cláudio Castro, alvo de mandado de busca e apreensão e que assume o governo do estado do Rio a partir desta sexta.
Ao todo, a PF cumpriu 82 mandados de busca e apreensão e 17 de prisão em sete estados e no Distrito Federal.