Em discurso para simpatizantes na região central de Curitiba, menos de uma hora após encerrar o seu depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que está vivo e que está se preparando para voltar a tentar a Presidência da República.
“Eu estou vivo e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse pais. Eu nunca tive tanta vontade como agora”, afirmou, sob gritos de simpatizantes na praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com ele estavam o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a ex presidente Dilma Rousseff (PT), parlamentares como as senadoras Gleisi Hoffman (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e o deputado federal José Guimarães (PT-CE), além de líderes de movimentos como o MST.
No discurso, Lula agradeceu o apoio dos simpatizantes durante o depoimento no processo que investiga se ele recebeu 3,7 milhões de reais de propina de contratos oriundos da Petrobras na forma de um tríplex no Guarujá e do armazenamento de bens que acumulou no exercício da Presidência.
“Eu não tenho tamanho para tamanha solidariedade. Jamais pude imaginar que um ônibus pudesse sair do Acre, do Piauí, do Rio Grande do Norte, para vir a um ato em solidariedade ao Lula (…). Nada é mais gratificante do que saber que vocês confiam em alguém que está sendo massacrado com acusações, como está acontecendo com o Lula”, disse. “Se não fossem vocês, eu não suportaria”, completou.
Ele afirmou, ainda, que espera que um dia a história faça justiça a ele e a Dilma, afastada do cargo em um processo de impeachment – ela estava ao seu lado. “Haverá um momento em que a história irá mostrar que nunca antes alguém foi tão perseguido ou massacrado como estou sendo nos últimos anos. E eu quero estar vivo para ver esse momento.”
O ex-presidente também disse que, durante o depoimento, o Ministério Público Federal e Moro não apresentaram nenhuma prova de que ele seja dono do imóvel no Guarujá. “Pensei que meus acusadores iam mostrar algum recibo, alguma escritura para provar que eu sou dono do apartamento que eles dizem que eu sou dono. Eu esperava que, após dois anos de massacre, tivesse algum documento. Nada, nada, é só perguntando se eu conheço o João Vaccari, se eu conheço o Antonio Palocci, se eu conheço o Paulo Okamotto… É claro que eu conheço. E eu não tenho vergonha de quem eu conheço.”
Lula também fez questão de dizer à militância que jamais mentiria para ela. “Em meu nome, em nome do partido, em nome dos movimentos sociais, em nome do movimento sindical, em nome dos outros partidos que me apoiam, se um dia eu estiver mentindo para vocês, eu prefiro que um ônibus me atropele em qualquer rua desse país”, disse.
Por fim, voltou a dizer que é inocente de todas as acusações. “Se um dia eu tiver cometido um erro, não quero ser julgado apenas pela Justiça, eu quero ser julgado antes pelo povo brasileiro”, afirmou. “Eu não quero afrontar ninguém, eu sou um cidadão que respeita as leis, a Constituição e a Justiça. A única coisa que eu peço é que eles [acusadores] me respeitem como eu respeito eles”, disse.