Preso temporariamente desde a última quinta-feira, durante a Operação Estado de Emergência, da Polícia Federal (PF), o ex-governador do Amazonas José Melo (Pros) deixou nesta quarta-feira o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM II), em Manaus.
Segundo a secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), Melo saiu da unidade prisional por volta das 9h30. Acusado de integrar um suposto esquema criminoso que teria desviado recursos públicos da área da saúde, o ex-governador foi beneficiado por uma decisão do juiz plantonista Ricardo Salles, da Justiça Federal do Amazonas, que converteu a prisão temporária dele por prisão domiciliar.
Além de José Melo, foram soltos os ex-secretários estaduais Afonso Lobo (Fazenda) e Wilson Alecrim (Saúde), detidos sob a acusação de participar do mesmo esquema, que teria desviado pelo menos R$ 50 milhões em recursos públicos por meio de contratos com organizações não-governamentais (ONGs).
Melo teve o mandato cassado em maio deste ano, por compra de votos nas eleições de 2014. Na semana passada, a Justiça autorizou sua prisão temporária por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além de prendê-lo, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis residenciais e comerciais da região metropolitana de Manaus ligados aos investigados.
O Ministério Público Federal (MPF) diz haver “fortes indícios” de que o ex-governador recebeu recursos ilícitos no esquema. Os procuradores citam um relatório fornecido pelo Ministério da Fazenda, que mostra que a movimentação financeira de José Melo era incompatível com sua renda e sugere práticas suspeitas, como a realização de frequentes saques em dinheiro em contas receptoras de transferências eletrônicas, além de movimentação de grandes quantias em benefício de terceiros.
Nota técnica do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) também aponta indícios de que o aumento do patrimônio pessoal do ex-governador é incompatível com seus rendimentos. No período, Melo adquiriu um imóvel avaliado em cerca de 7 milhões de reais, além de ter reformado seu sítio.
O Ministério Público afirma ainda que as investigações apontam que o ex-secretário estadual de Administração e irmão do ex-governador, Evandro Melo, atuou como uma espécie de intermediário. Evandro foi preso no último dia 13 de dezembro, ao lado de onze investigados, acusados de receber ao menos 20 milhões de reais em propina.