Ex-zelador do tríplex do Guarujá torce pela condenação de Lula
José Afonso Pinheiro foi demitido após prestar depoimento ao Ministério Público e afirmar que apartamento pertencia ao petista
O ex-zelador do condomínio Solaris (famoso por abrigar o apartamento tríplex atribuído a Lula) José Afonso Pinheiro torce pela condenação do petista no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TF4). “Eu espero que a Justiça seja feita. Como ele já foi condenado na primeira, eu espero que ele seja condenado na segunda instância também”, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Espero que ele pague por aquilo que foi feito.”
A 8ª Turma do TRF4 julga nesta quarta-feira 24 recurso contra a decisão do juiz Sergio Moro, que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento de 2,2 milhões de reais propina da OAS por meio da doação e da reforma do apartamento no litoral paulista.
Afonso foi demitido em abril de 2016, pouco tempo depois de prestar depoimento ao Ministério Público de São Paulo. Na ocasião, ele declarou que Lula visitava o imóvel e que todos sabiam que o apartamento era do petista. Segundo ele, os moradores do Solaris já o haviam alertado sobre a demissão.
“Já estava tendo muito comentário que eu ia ser demitido por força do meu depoimento. Como o engenheiro da OAS, na época, já tinha me pedido para não falar que ele ia no apartamento, que o apartamento pertencia a ele, depois desse depoimento tive um atrito com eles por causa do que eu falei no depoimento que ele [Lula] ia lá e que o apartamento era dele, o pessoal estava falando que eu seria demitido”, disse.
Afonso afirma que a demissão do condomínio, onde trabalhou por três anos, lhe causou prejuízo financeiro e o episódio lhe rendeu dificuldades para conseguir um novo emprego. “Foi um ato de uma tremenda covardia com um trabalhador, por eu ter falado a verdade. Eu fiz o que todo cidadão deveria fazer, falar a verdade”, disse ao jornal.
O zelador declarou ainda ter votado em Lula em 2002, quando se elegeu pela primeira vez, mas não repetiria o voto. “Jamais votaria nele. Ele teve as oportunidades dele e deu no que deu”. Agora, espera que o TRF4 reitere a sentença de nove anos e seis meses de prisão, proferida pelo juiz federal Sergio Moro, de quem é admirador: “O trabalho que ele está fazendo é uma coisa fantástica.”