O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu transferir para a Justiça Federal em São Paulo o inquérito que investiga doações da Odebrecht para a campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo em 2012. Tomada nesta quarta-feira, a decisão é uma reconsideração de despacho anterior, de 10 de maio, que havia determinado o envio do caso à Justiça do Paraná, sob os cuidados do juiz Sergio Moro.
A argumentação da defesa era de que as acusações contra Haddad feitas nas delações premiadas do grupo Odebrecht e de João Santana, Mônica Moura e André Santana não tem relação com a Petrobras e, portanto, com os fatos investigados pela Lava Jato em Curitiba. Segundo os relatos, a empreiteira fez doações não declaradas à campanha que elegeu Haddad em 2012 através de repasses aos marqueteiros. Santana e Mônica alegam, ainda, que outra parte dos débitos foi paga por uma empresa ligada a Eike Batista, também via caixa 2.
Ao aceitar o agravo regimental, uma espécie de recurso contra a decisão anterior, o ministro Edson Fachin determinou que o inquérito siga, agora, para São Paulo, onde os fatos supostamente teriam ocorrido. Em junho, em outro inquérito que corre na capital paulista, a Polícia Federal deflagrou a Operação Cifra Oculta, que investigava mais um relato de recursos omitidos da prestação de contas na eleição do ex-prefeito, desta vez da UTC, que afirmava ter pago dívidas de campanha, com gráficas, no valor de 2,6 milhões de reais.
Na época, procurado por VEJA, Haddad se defendeu das acusações de Ricardo Pessoa, o dono da UTC. Por meio de sua assessoria, afirmou que a gráfica que supostamente teria recebido dinheiro da empreiteira “prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE”. Ele também alegou ter contrariado o interesse de Pessoa na sua gestão, em especial ao cancelar as obras de um túnel na avenida Roberto Marinho, na zona sul de São Paulo.