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Fake news, oração e comida de graça: um dia no acampamento golpista

Cerca de 400 pessoas instalaram acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília para questionar o resultado das eleições vencidas por Lula

Por Ricardo Chapola e Laryssa Borges
12 nov 2022, 11h14
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  • Um grupo de cerca de 400 bolsonaristas continua acampado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, para protestar contra o resultado das eleições de 2022. Com os celulares nas mãos, os apoiadores do presidente questionam o sistema eleitoral e pedem que as Forças Armadas tomem alguma providência para impedir que Lula suba a rampa do Planalto em janeiro do ano que vem. O acampamento está montado desde o fim do segundo turno e segue em clima de colônia de férias da extrema direita. Lá, famílias descansam sob a copa das árvores, comem de graça, fazem compras, rezam e, vez ou outra, pedem intervenção federal.

    Os manifestantes ficam alojados em barracas espalhadas por uma praça. Várias delas contam com um espaço para a churrasqueira. O lugar também está repleto de trailers. Sem lugar para tomar banho, os bolsonaristas tem improvisado e usado um balde para se higienizar.

    O acampamento conta com uma espécie de feira livre, que serve tanto para abastecer os manifestantes, quanto para entretê-los. As tendas montadas pela praça comportam cozinhas improvisadas onde se preparam as refeições gratuitas, lojas e até uma igreja. Muitos organizadores passam seu tempo rezando aos pés de uma imagem imensa de Maria e um quadro de Jesus Cristo levados para frente do quartel.

    A variedade de itens vendidos por lá também chama a atenção. Afora as bandeiras do Brasil de diversos tamanhos e preços (a mais cara custava 700 reais), os comerciantes também têm à disposição camisetas da seleção brasileira, cornetas, chapéus, brinquedos para crianças, balões e até banquinhos.

    A maior parte dos manifestantes não se desgruda das telas do celular. Mesmo porque é por lá onde trocam (des)informações sobre as pautas a serem levadas para as ruas e, de alguma maneira, se organizam. Nos grupos de WhatsApp, as fake news correm como água. Uma delas, por  exemplo, diz respeito ao “L” feito por Lula na campanha. Paras alguns,  se trata de uma tentativa de o presidente eleito em reproduzir um gesto satanista, levantando o dedo indicador e o mínimo para representar uma espécie de chifre. Como Lula não possui um dedo mínimo da mão esquerda, acaba fazendo apenas o “L”.

    Outra fake news que agitou os grupos bolsonaristas foi sobre supostos membros da torcida do Corinthians, a Gaviões da Fiel, que teriam se infiltrado nas manifestações com o objetivo de dispersá-las. Circula ainda a falsa notícia de que o jingle do PT na campanha presidencial foi “Lula Lá” porque “Lá” é a sexta nota musical e, repetida três vezes, faria menção ao número do demônio. Coisa de louco.

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