O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) comprou três imóveis, a um custo total de 4,2 milhões de reais, entre os anos de 2014 e 2017, segundo o jornal Folha de S.Paulo, que obteve acesso aos registros cartoriais das transações. O período coincide com o que foi identificado que o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), atualmente deputado estadual, teve movimentações financeiras consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Neste domingo, em entrevistas às emissoras RecordTV e RedeTV!, o senador eleito atribuiu a movimentação alta a negócios imobiliários, incluindo o pagamento de um título financeiro, no valor de 1 milhão de reais, que estaria relacionado a compra de um apartamento. Ele registrou em cartório, em junho de 2017, ter quitado uma dívida com a Caixa nesse valor por um imóvel no bairro de Laranjeiras.
Esse apartamento foi vendido, segundo os documentos obtidos pela Folha, no mesmo ano, quando ele fez uma permuta por uma sala comercial e um outro apartamento, mais 600.000 reais em dinheiro. Este segundo apartamento foi vendido em maio de 2018.
Depósito
Compra e venda de imóveis também é o argumento do deputado estadual para o depósito de 96.000 reais feitos em sua conta corrente em um único mês, fracionado em 48 remessas de 2.000 reais cada. Segundo Flávio Bolsonaro, a opção por fracionar o valor, que teria sido parte do pagamento da revenda desse imóvel, foi por uma limitação do caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que só aceitaria depósitos até 2.000 reais.
Ele não explicou porque não preferiu fazer esse depósito direto no caixa, em uma única remessa. Os depósitos acenderam um alerta no Coaf, já que a divisão de grandes valores em parcelas menores é uma estratégia por que a movimentação de grandes valores por políticos aciona alertas no sistema financeiro, o que ele poderia ter tentado evitar.
O relatório do Conselho foi produzido a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que investiga movimentações atípicas de 7 milhões de reais do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, entre 2014 e 2017. A suspeita principal é que Queiroz, que recebeu depósitos de outros colegas do gabinete, fosse o “laranja” para uma prática criminosa comum no legislativo brasileiro, quando assessores nomeados para cargos públicos devolvem parte dos salários para o político que os nomeou.