Flávio Bolsonaro: depósito fracionados se referem a venda de apartamento
O senador eleito concedeu entrevista à TV Record e à Rede TV!
Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL-RJ, disse à TV Record e à Rede TV! que a compra de um apartamento é a explicação para as movimentações “atípicas” de sua conta corrente detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
As informações da primeira entrevista, concedida ao programa Domingo Espetacular, da Record, foram antecipadas pelo portal R7. Mais tarde, a Rede TV! também exibiu entrevista.
Segundo o parlamentar, o pagamento de um título de R$ 1.016.839 se refere à compra de um apartamento – o valor corresponde à quitação do financiamento, que teve as primeiras parcelas pagas diretamente à construtora. Ao vender depois o imóvel, explicou, recebeu uma quantia em dinheiro e fez os 48 depósitos de 2.000 reais em sua própria conta, por ser o valor máximo possível no caixa eletrônico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, unidade escolhida para os aportes por ser seu local de trabalho, segundo justificou.
Ainda segundo o senador, ele vendeu o apartamento por 2,4 milhões de reais e recebeu uma quantia da transação em dinheiro. Dessa forma, ele fez 48 depósitos, sendo cada um de R$ 2 mil — limite do banco —, para a própria conta. “Tentam de uma forma baixa insinuar que a origem desse dinheiro tem a ver com um ex-assessor meu ou terceiros. Não tem. Explico mais uma vez. Sou empresário. E o que ganho na minha empresa é muito mais que como deputado. Não vivo só do salário de deputado”, declarou à Record. À Rede TV!, ele disse que considera a quebra de sigilo uma “atrocidade”: “Tive minha vida devassada de forma ilegal”.
As suspeitas sobre as movimentações de Flávio foram reveladas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Flávio Bolsonaro declarou também que não pediu foro privilegiado ao Supremo Tribunal Federal, mas que apenas reclamou ao tribunal que decidisse o foro competente para o seu caso.
Queiroz
As operações na conta do senador eleito são semelhantes às feitas por Fabrício Queiroz, seu ex-assessor, que movimentou 7 milhões de reais nos últimos três anos, conforme revelado pelo jornal O Globo.
A investigação sobre a movimentação financeira de Queiroz foi iniciada há seis meses e tem como foco de apuração a suspeita de prática de lavagem de dinheiro ou “ocultação de bens, direitos e valores” no gabinete do filho do presidente na Alerj.
O documento foi produzido por técnicos do Coaf há um ano, em janeiro de 2018, e anexado aos autos da Operação Furna da Onça – que em novembro do ano passado prendeu dez deputados estaduais do Rio suspeitos de receberem propina.
Na última quinta-feira, 17, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, atendeu a um pedido de Flávio Bolsonaro e determinou a suspensão da investigação.
O relator do caso, Marco Aurélio Mello, vai analisar a reclamação do senador eleito e já indicou que deve negar o pedido após o fim do recesso do Judiciário.