Marcelo Freixo (PSB) lançou oficialmente sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 27, em evento no Hotel Nacional, um dos mais tradicionais da capital fluminense. O deputado federal celebrou o fato de ter obtido apoio de partidos de diversos campos ideológicos, principalmente do PSDB, que indicou o ex-prefeito Cesar Maia como vice na chapa. “Se essa aliança fosse fácil, já tinha sido feita antes. É hora de colocar as diferenças para trás e demonstrar grandeza”, disse Freixo.
Além dos tucanos, a candidatura conta com o apoio de PT, PV, PCdoB e Rede. Na mesa, a ex-governadora do Rio pelo PT, Benedita da Silva, riu do fato de estar ao lado de Cesar Maia, de quem foi adversária política no passado: “Nos encontramos novamente, mas agora em outro plano”, declarou, arrancando risos da plateia.
Cesar Maia, que recentemente trocou o antigo Democratas pelo PSDB, chegou a citar Karl Marx, filósofo que inspirou regimes socialistas em todo o mundo, para justificar a aliança e lembrou Leonel Brizola, de quem foi pupilo, para justificar sua volta à esquerda e jurar lealdade. “Fui criado por Brizola. O que Freixo defender, vou defender, mesmo que discorde”, disparou.
Em um discurso nacionalizado, em que Freixo colou no governador Cláudio Castro a imagem do presidente Jair Bolsonaro, a união com campos adversários foi apresentada como uma “aliança do campo democrático contra o fascismo”. Na prática, no entanto, a situação é bastante diversa. O deputado do PSB enfrenta o constrangimento de ter de lidar com a insistência de Alessandro Molon (PSB) em sair candidato ao Senado, condição confirmada em convenção, mas que contraria o acordo com o PT de que a vaga seria reservada ao presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT).
Em sua fala, a deputada Benedita da Silva cobrou publicamente o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que estava na mesa: “Nossa presença aqui é para reafirmar a importância da aliança nacional (entre PT e PSB) e para demonstrar que é fundamental manter a nossa representação ao Senado”, disse.
Siqueira, no entanto, disse que o tema está sendo tratado internamente no partido. “Aqui no Rio essa frente está consolidada. Não acredito por razão nenhuma que essa frente possa ser rachada”, amenizou. Nos bastidores, o PT fluminense ameaça pôr em risco os acordos celebrados em outros estados em que abriu mão da candidatura ao governo, como Pernambuco e Espírito Santo.
O impasse levou o PT a adiar a convenção que estava prevista para essa segunda-feira. O partido deu um ultimato para que o PSB resolva o imbróglio até a próxima sexta-feira, 29. Entre os socialistas, já é dado como certo que a situação dificilmente será contornada com a retirada do nome de Molon da chapa.