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Funcionários de Flávio Bolsonaro repassaram até 99% dos salários

O deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 15 dez 2018, 12h09 - Publicado em 15 dez 2018, 12h01
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  • Uma análise na movimentação financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, mostra indícios de que pelo menos uma funcionária pode ter depositado em sua conta o equivalente a quase tudo que recebeu na Casa no período agora sob investigação. Foi esse o caso de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor que, no período investigado, repassou a ele 97.641,20 reais, hipotético crédito mensal médio de 7.510,86 reais.

    A quantia equivale a 99% do pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de 2016, segundo a folha salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados sobre a movimentação financeira total de Nathalia, não é possível dizer com certeza que o dinheiro teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.

    Os cálculos são por aproximação. Para fazê-los, foi usado o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça, além de consulta a folha salarial da Casa.

    O órgão federal mostrou que no período investigado Nathalia transferiu os 97.641,20 reais para a conta do assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze meses investigados para obter a média mensal, que foi comparada com três valores. Um foi o pagamento líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na Alerj: 7.586,31 reais. No confronto com o bruto, 9.835,45 reais, chegou-se a um repasse de 77,14%. Cotejada com a renda usada pelo Coaf, 10.502 reais, o porcentual foi de 72,23%.

    A renda considerada pelo Coaf, possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém, mostram porcentuais altos de repasse.

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    Nathalia trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar como assessora no gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na Câmara dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente, o motivo foi a aposentadoria de Queiroz como PM.

    O deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente eleito já disse que caberá a Queiroz explicar sua movimentação financeira — de mais de 1,2 milhão de reais no período.

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    Outra servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam 52.124 reais — uma média (total dividido por treze meses) de 4.009,23 reais. Isso não quer dizer que tenham sido feitos rigorosamente repasses mensais — o documento do Coaf não traz esse detalhe –, mas permite afirmar que Márcia transferiu porcentuais que equivalem de 31% a 46% do que recebeu por mês no período.

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    Outra servidora, Luiza Souza Paes, fez transferências equivalentes a porcentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de 3.479 reais mensais e a transferência média era de 863,53 reais. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário bruto de 5.486,76 reais, fez depósito mensal médio de 1.573,46 reais – porcentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.

    A reportagem não conseguiu falar com Queiroz nem com os demais servidores para que comentassem as cifras.

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