Futuro presidente não pode ser corrupto, desonesto ou ignorante
Pesquisa mostra as principais características que eleitor não quer no currículo do próximo mandatário
A introdução de novos pré-candidatos – dos senadores da CPI Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS) ao governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) – dispostos a encampar uma candidatura da chamada terceira via pouco alterou a escolha do eleitor para a disputa à Presidência da República em 2022. Embora haja uma avenida de desiludidos em busca de um candidato para tentar quebrar a polarização protagonizada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva e pelo presidente Jair Bolsonaro, pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira 17 mostra que Lula mantém a dianteira, com patamares que variam de 42% a 46%, e Bolsonaro permanece na segunda colocação, com 25% ou 26%, a depender de quais são os demais adversários.
A aparente estagnação de opções de terceira via contrasta com pesquisas internas de partidos que ainda tentam viabilizar um candidato que represente o eleitorado nem-nem, que não quer nem Lula nem Bolsonaro. Um levantamento encomendado pelo Podemos, partido que tenta filiar o ex-juiz Sergio Moro e lançá-lo como candidato, listou, por exemplo, o que o eleitor não quer dos políticos que se apresentam na corrida pelo Palácio do Planalto. Dos entrevistados, 47% dizem não tolerar um candidato a presidente corrupto, 19% rejeitam os desonestos e 9% os mentirosos ou falsos.
Há ainda os que não querem candidatos a presidente que façam promessas falsas (7%), que sejam incompetentes (5%), ignorantes (4%) ou arrogantes e prepotentes (3%). Dois por cento dos entrevistados listam como ponto negativo que o candidato à Presidência seja truculento e 1% que seja antipático.
Os protestos do domingo 12, convocados para se contrapor às manifestações governistas de 7 de setembro e supostamente expor o desejo de grande parte dos brasileiros por um candidato diferente de Lula ou de Bolsonaro, foram sintomáticos sobre a dificuldade de a terceira via sair do papel. Eles arregimentaram pouco público, e os movimentos e políticos em torno de uma candidatura longe da polarização não conseguiram transformar a procura por um nome em algo palpável para o eleitor que hoje se define como nem-nem.
Nos últimos meses, representantes de siglas como PSDB, DEM, PSB, PDT e Podemos estabeleceram o mês de janeiro como marco final para que decidam se existe mesmo viabilidade para uma candidatura capaz de unificar o eleitorado que em 2022 não pretende votar nem no presidente, que disputará a reeleição, nem em Lula, atual líder nas pesquisas de intenção de votos. Um tanto quanto utópica, a proposta dos partidos é a de que em pouco mais de três meses o nome mais bem colocado entre todos os pré-candidatos tenha no mínimo dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos e seja automaticamente ungido como o presidenciável da chamada terceira via. A proposição prevê ainda que todos os demais postulantes ao cargo abram mão de disputar o Palácio do Planalto.