Oficiais de alta patente do Exército criticaram nesta quarta-feira, 2, o uso que o PT fez da imagem do general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas em uma história em quadrinhos produzida pelo partido sobre a trajetória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da Operação Lava Jato. No desenho, Villas Bôas aparece sentado em sua cadeira de rodas, junto à mensagem que publicou nas redes sociais em 2018, em tom de torcida contra o ex-presidente, às vésperas do julgamento de um recurso que poderia livrar o petista da prisão. Entre os mais experientes da caserna, o entendimento é de que a atitude foi desrespeitosa e debochada, por fazer troça com um militar acometido por uma doença rara. Villas Bôas foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) desde 2016.
“O Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição”, diz o trecho da mensagem publicada por Villas Bôas naquele ano e replicada no desenho do PT. A imagem compõe um gibi lançado pela sigla no mês passado com o título “Lula: da perseguição à esperança renovada”.
Na época em que fez a publicação na internet, o general era comandante do Exército. Já Lula tentava se livrar da sequência de condenações que sofreu na Lava Jato e que, inclusive, o tiraram da disputa presidencial de 2018. Desde que deixou o comando da corporação, Villas Bôas passou a atuar como assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, onde permanece lotado até hoje. “Foi um desrespeito usar a imagem de um homem probo que, mesmo acometido por uma doença gravíssima, nunca deixou de servir o Brasil”, afirmou o general da reserva Paulo Chagas, que aproveitou também para atacar o ex-presidente petista. “Ao contrário do ladrão, tratado como herói nas tirinhas”.
Outro nome bastante respeitado na caserna, o general Maynard Marques de Santa Rosa também saiu em defesa do colega de farda e, assim como Chagas, alfinetou a conduta do PT. “Achei que o desenho foi humor de mau gosto e desrespeitoso, coerente com o estilo normal e debochado da crítica petista”, afirmou o oficial que chefiou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência no governo Bolsonaro. Ele entregou o cargo em novembro de 2019.
Contemporâneos de Villas Bôas na academia militar também se manifestaram. Formado na mesma turma que o ex-comandante do Exército em 73, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva atribui a iniciativa à “falta de humanidade típica da esquerda liderada pelo PT”. O oficial foi além. Fez duras críticas a uma suposta tentativa da legenda em dar um golpe a partir da subjugação das Forças Armadas.
“O general Villas Bôas é um chefe militar corajoso, íntegro, patriota. E, no episódio retratado no pasquim do PT, comprovou sua liderança e autoridade moral no cenário brasileiro. Não merecia essa vilania de um desmoralizado PT. A afronta ao General Villas Bôas não será esquecida, pois atingiu a todos cidadãos de bem, fardados ou a paisana, a quem ele tão bem simboliza”, disparou o militar. “Como estratégia para tomar o Poder e implantar o seu sonhado regime socialista totalitário e liberticida, o PT considera indispensável subjugar as Forças Armadas, transformando-as em tímidas marionetes do partido”, acrescentou.