Jair Bolsonaro tem uma certeza e uma dúvida sobre a função de vice em sua chapa à reeleição. A certeza: o posto não será ocupado pelo general Hamilton Mourão, que deve disputar uma cadeira no Senado pelo Rio Grande do Sul. A dúvida: quem será escolhido para a vaga. Desde que o assuntou começou a ser tratado, o presidente deixou claro que a sua prioridade é convocar para a missão alguém de sua estrita confiança, que não seja um político profissional e não tenha relação com o Congresso. Com esse perfil, o ex-capitão acha que reduz o risco de ser traído e de o vice conspirar para derrubá-lo por meio de um processo de impeachment. Por isso, ele elegeu como seu “plano A” o general Walter Braga Netto, ex-ministro de seu governo.
Já o Centrão tenta desde sempre convencer Bolsonaro de que o ideal é um político na vice — de preferência, alguém com potencial para reduzir a rejeição do presidente em certos nichos do eleitorado, como as mulheres ou os nordestinos. Vários nomes foram cogitados para a função. A mais nova aposta, mencionada por iniciativa do próprio presidente, é a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que pretende concorrer ao Senado por Mato Grosso do Sul. Em público, ninguém se manifesta sobre as opções disponíveis. Nos bastidores, no entanto, coordenadores da campanha à reeleição, como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, preferem Tereza a Braga Netto, mas ninguém crava quem será o escolhido.
Há pouco tempo, a opção pelo general parecia liquida e certa. Até Bolsonaro falou que Braga Netto tinha 90% de chance de ocupar o posto. O quadro mudou nos últimos dias principalmente porque o próprio Bolsonaro disse ter ficado surpreso com a reação positiva à possibilidade de Tereza Cristina ser a sua vice em 2022. “Hoje, a cotação da ministra Tereza, que era próxima a zero, digamos que subiu para 30%”, resume um auxiliar do presidente enfurnado na campanha eleitoral.