O general da reserva Maynard Marques de Santa Rosa pediu demissão da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência nesta segunda-feira, 4. A função estava subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, que tem como ministro Jorge Oliveira. Assim como Santa Rosa, outros militares que atuam na secretaria entregarão seus cargos.
Santa Rosa deixou o governo, após meses de desgaste com Oliveira, policial militar próximo da família Bolsonaro. Oliveira, major da PM do Distrito Federal, foi chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro, o Zero Dois. O pai de Oliveira, por sua vez, foi chefe de gabinete do então deputado Jair Bolsonaro.
De acordo com um funcionário do Planalto, Oliveira boicotava sistematicamente o trabalho de Santa Rosa. “Aparentemente, o ministro queria provocar a saída do secretário, mas não tinha coragem de pedir a cabeça de um general preparado como ele”, afirmou o funcionário. Semanas atrás, o agora ex-secretário pediu uma audiência com Jorge Oliveira e teve como resposta que seria atendido em 10 dias.
A gota d’água para o desligamento aconteceu na manhã de hoje, quando Oliveira chamou Santa Rosa para uma conversa de feedback de trabalho. O ministro afirmou que o desempenho da SAE estava abaixo do desejado. Depois de ouvir as considerações do ministro, Santa Rosa decidiu pedir demissão.
Antes de integrar o governo Bolsonaro, ao qual chegou pelas mãos do ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno, Santa Rosa foi secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, posto que deixou em 2007.
Em 2010, o general de quatro estrelas foi exonerado da chefia do Departamento Geral do Pessoal do Exército após escrever uma carta em que classificou como “Comissão da Calúnia” a Comissão da Verdade, criada para investigar crimes e violações contra direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985).
Além de Maynard Santa Rosa, outros generais já deixaram o governo Bolsonaro, como Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, e Juarez Cunha, ex-presidente dos Correios. O general Floriano Peixoto assumiu a Secretaria-Geral da Presidência em fevereiro, depois da demissão de Bebianno, mas deixou o cargo e substituiu Cunha à frente da estatal.