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Haddad mira Bolsonaro; Ciro, Marina e Alckmin criticam polarização

Petista cita no debate da TV Globo ataque de Mourão a 13º salário; pedetista e ex-ministra repudiam 'salvador da pátria' e tucano lembra Dilma

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2018, 00h56 - Publicado em 4 out 2018, 23h14

Os principais candidatos à Presidência da República replicam no debate da TV Globo, último antes do primeiro turno, as estratégias que utilizaram nas ruas e na propaganda nestes dias que antecedem a votação: Fernando Haddad muda de postura e sobe o tom contra Jair Bolsonaro, seu provável adversário no segundo turno, enquanto Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin, que tentam encarnar uma improvável terceira via, mantém discursos conciliadores e anti-polarização.

Em uma dobradinha à esquerda com Guilherme Boulos (PSOL), Haddad disse que o capitão da reserva “nunca fez nada” como deputado e o associou a “corte de direitos”, citando as críticas do general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, ao 13º salário e o adicional de férias. O petista lembrou também a proposta de Paulo Guedes, guru econômico do candidato do PSL, de criar um imposto aos moldes da CPMF, o extinto e impopular “imposto do cheque”. Boulos repudiou o “ódio” na campanha e lembrou a ditadura militar, cujos torturadores têm em Bolsonaro um admirador notório e declarado. Fernando Haddad, literalmente, agradeceu a estocada do líder sem-teto.

Haddad ainda se juntou a Ciro Gomes para atacar o candidato do PSL. Em uma pergunta sobre agricultura e meio ambiente, o pedetista afirmou que para executar projetos na área “tem que ter condição política para enfrentar o fascismo e a radicalização estúpida que o Bolsonaro representa”. Com a bola levantada, o ex-prefeito cortou, aproveitando para acenar a Kátia Abreu, ruralista vice de Ciro Gomes: “Os ruralistas modernos estão produzindo. Os arcaicos, que apoiam Bolsonaro, resistem a modernizar o país”.

Já na combinação Ciro-Marina, a balança da crítica contra a polarização pendeu para o lado de Bolsonaro, líder das pesquisas com 35% dos votos totais e 39% dos votos válidos, segundo o Datafolha. Ambos criticaram “salvadores da pátria” e Marina Silva, que costuma ser criticada pela fragilidade, pregou contra “alguém que tenha força”.

O pedetista lembrou a renhida eleição presidencial de 2014, diagnosticou uma “repetição trágica da história” em 2018 com o “choque de duas personalidades exuberantes”, lulismo e antilulismo, e questionou a candidata da Rede sobre possibilidade do impeachment do próximo presidente, caso ele seja Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. A ex-ministra voltou a condenar a transformação da eleição em um “plebiscito” em torno do petista e do deputado e previu “quatro anos de completa instabilidade”.

Buscando atrair os eleitores antipetistas já embarcados na canoa de Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin escolheu Fernando Haddad como interlocutor logo de cara. Perguntou se o adversário vai “insistir no modelo petista de governar” e lembrou o caos econômico no governo Dilma Rousseff, flagrantemente escondida pelo PT em campanha. Acabou ouvindo do outro lado críticas ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e mais uma citação por Haddad da entrevista do senador tucano Tasso Jereissati (CE) em que o cearense faz mea culpa sobre a entrada do PSDB no governo Michel Temer e o pedido de recontagem de votos em 2014. “Nem PT nem Bolsonaro vão recuperar o país”, resumiu-se Alckmin.

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