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Governo caça votos contra denúncia; oposição quer desgastar Temer

Além de telefonar e receber deputados, presidente iria a jantar com parlamentares para garantir votação mínima e barrar acusação; oposição quer adiar sessão

Por Agência Brasil Atualizado em 4 jun 2024, 21h10 - Publicado em 24 out 2017, 23h02

Às vésperas da votação na Câmara da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral), ambos também do PMDB, aliados e oposicionistas traçam estratégias para a votação do parecer apresentado pelo deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda o não prosseguimento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República. A sessão que vai avaliar a denúncia deve começar às 9h desta quarta-feira.

Aliados do governo passaram o dia em busca de mais votos para derrubar a denúncia. A expectativa de um dos principais articuladores do governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP), é que o parecer de Andrada obtenha entre 260 e 270 votos favoráveis. Para que a denúncia seja rejeitada e não seja enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), são necessários 172 votos. Governistas também tem pedido a presença dos deputados para garantir o quórum mínimo para a votação (342 parlamentares) e acelerar a conclusão do processo.

Ainda de acordo com Mansur, nos últimos dias, Temer tem ligado e recebido pessoalmente deputados para mostrar a importância da rejeição da denúncia. Na noite de terça-feira, véspera da sessão, estava prevista a presença dele em jantar oferecido aos parlamentares na casa do vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). Uma das estratégias dos aliados é evitar nomear quem são os deputados que votarão com o governo como uma forma de evitar pressões.

Oposição

Enquanto isso, parlamentares da oposição vêm se reunindo para traçar estratégias que possam desgastar os denunciados, principalmente Temer. Os oposicionistas insistem que caberá ao governo conseguir o quórum necessário no plenário e trabalham para adiar a votação.

Também na noite desta terça-feira, os líderes de partidos da oposição definirão quais oradores deverão falar na sessão. O líder do PSB, deputado Julio Delgado (MG), disse que a ideia é que se inscrevam para debater a denúncia em plenário cerca de 15 deputados. O objetivo é esvaziar a sessão e impedir que o quórum mínimo seja alcançado –  isso porque regimentalmente quem usar da palavra terá a presença registrada.

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A oposição tem insistido junto ao STF no chamado fatiamento da denúncia. Em diversas ocasiões, o pedido para a análise da denúncia separada por acusado – Temer, Padilha e Moreira Franco – foi negado na Câmara dos Deputados. Nesta terça-feira, o ministro Marco Aurélio Mello também negou pedido do PCdoB para que a análise ocorresse de forma desmembrada.

Em razão da votação, um dos partidos da oposição, o PSB, teve uma baixa de cinco deputados que encaminharam carta à legenda pedindo a desfiliação: Tereza Cristina(MS), Danilo Fortes (CE), Fernando Bezerra (PE), Fábio Garcia (MT) e Adílson Sachetti (MT). Delgado afirmou ainda que o PSB fechou questão a favor da autorização da investigação e que quem votar contra a orientação será punido, podendo ser expulso da sigla. O deputado admite que dos 32 parlamentares, seis ou sete ainda assim votarão contra a orientação partidária.

Denúncia

A denúncia elaborada pela PGR contra o presidente, os ministros e outros peemedebistas é pelos supostos crimes de organização criminosa. Temer também é acusado de obstrução da Justiça. A peça foi apresentada pelo ex-procurador Rodrigo Janot. O parecer do relator Bonifácio de Andrada pela inadmissibilidade da denúncia foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Para que a investigação possa prosseguir no STF, é necessário antes a autorização da Câmara com o voto favorável de, ao menos, 342 deputados.

 

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