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Governo se preocupava em ‘salvar’ empreiteiras, diz Dilma a Moro

Em depoimento como testemunha de defesa de Aldemir Bendine, ex-presidente afirmou que executivos corruptos devem ser punidos, e não as empresas

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 20h49 - Publicado em 27 out 2017, 14h34
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  • A ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento na manhã desta sexta-feira como testemunha no processo da Operação Lava Jato que tem entre os réus o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. O ex-executivo das estatais, que arrolou Dilma como testemunha de defesa, é suspeito de ter recebido 3 milhões de reais em propina da Odebrecht em 2015, pouco depois de ter assumido a presidência da petrolífera.

    A petista está em Belo Horizonte, onde acompanha o tratamento de um problema de saúde de sua mãe, e falou ao juiz federal Sergio Moro por meio de videoconferência. Na oitiva, Dilma foi questionada sobre o processo de nomeação de Bendine à presidência da Petrobras e a respeito das relações entre a Odebrecht e o governo.

    Questionada pela defesa de Aldemir Bendine sobre um trecho da delação premiada do empreiteiro Marcelo Odebrecht em que ele cita o ex-ministro Aloizio Mercadante como interlocutor do Planalto junto à empresa, Dilma afirmou que o governo tinha “preocupação” em “salvar” as empreiteiras investigadas na Lava Jato e, por isso, manteve tratativas com a Controladoria-Geral da União (CGU), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito dos acordos de leniência das empresas.

    “Nós tínhamos, de fato, uma preocupação pública em relação a construir as condições de leniência para que o processo tivesse punição dos responsáveis, mas que se salvassem as empresas de engenharia deste país”, afirmou a ex-presidente. Para Dilma, devem ser punidos “executivos ou funcionários que pratiquem os malfeitos”, mas as empresas, enquanto “produtos sociais”, “tinham que ser preservadas”.

    Indagada pelo advogado do empresário André Gustavo Vieira da Silva, um dos réus no processo, sobre a relação entre o governo e a Odebrecht, Dilma Rousseff ressaltou que a empresa “merecia toda atenção do governo” por sua relevância na economia do país, e não pelas doações que fazia a campanhas políticas.

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    “Muitas vezes a gente concordava com os rumos propostos pelo Grupo Odebrecht, e é público e notório que muitas vezes, também, nós discordávamos. Tínhamos uma relação de grande interesse, não porque eles contribuíssem com a campanha, mas pela importância que o grupo tinha, e acredito que ainda tem, na economia brasileira”, disse a petista.

    Nomeação de Bendine

    Em seu depoimento, Dilma também declarou que não pretendia trocar a ex-presidente da Petrobras Graça Foster por Aldemir Bendine. A ex-presidente avalia que Graça “combinava grande capacidade de gestão e um conhecimento bastante aprofundado” e mantinha a estatal “no rumo correto”. Segundo Dilma, no entanto, “todo o processo que a Petrobras passava tornou para ela difícil esse processo” e Graça Foster acabou pedindo para deixar o comando petrolífera, após ter sido demovida da ideia pela então presidente ao menos três vezes.

    “Eu não queria que ela se afastasse. Tentava evitar o máximo possível. Eu nunca dei entrevista sobre isso, nem me manifestei sobre isso. Mas isso era público e notório. Daí porque de fato eu tomei atitude de trocar a diretoria da Petrobras a partir do fato que constatei que ela não ficaria. E aí, diante de todo o retrospecto no Banco do Brasil, [Bendine] foi uma das pessoas que pensei que poderia substituí-la adequadamente”, relatou Dilma Rousseff.

    Ainda conforme a ex-presidente, o convite feito a Aldemir Bendine não era “imediatamente atraente” porque ele tinha “uma situação mais confortável” no banco estatal. Após uma reunião em Brasília, diz Dilma, Bendine e o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, aceitaram assumir os cargos. “Era importante que não houvesse vacância, porque afetaria não só as ações, mas a avaliação da empresa”, explicou a petista.

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