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Gravado por Joesley, Cardozo afirma que nunca interferiu no STF

Ex-ministro da Justiça diz que falou com dono da JBS, que queria contratá-lo, mas que não fechou acordo; para ele, áudio é armação para atingir o Judiciário

Por Da Redação
Atualizado em 12 set 2017, 19h30 - Publicado em 12 set 2017, 15h37

O ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff (PT), José Eduardo Cardozo, negou nesta terça-feira que tenha tentado interferir em decisões do Supremo Tribunal Federal, embora reconhecesse que discutiu com os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, dono e diretor do grupo JBS, uma possível contratação de seus serviços jurídicos para defender a companhia nos tribunais.

A conversa teria ocorrido na casa de Joesley e foi gravada, segundo relato do próprio Saud em depoimento prestado no dia 7 de setembro à Procuradoria-Geral da República. A ideia dos delatores da JBS é que Cardozo pudesse influenciar decisões de ministros do STF. Cardozo disse que recebeu a notícia de que havia sido gravado pelos executivos “com muita tristeza e indignação” e classificou o áudio como “uma armação” para atingir o Judiciário.

“Eu jamais fiz isso [tentar influenciar ministros do Supremo], com ele [Joesley] ou qualquer cliente. Até porque é uma coisa fora de propósito, ninguém tem o controle do STF, os ministros são soberanos quando decidem,” afirmou. Segundo ele, a conversa gravada não tem nada de ilícito e trata-se apenas de um diálogo entre um advogado e um possível cliente.

Em depoimento à PGR, Joesley chegou a afirmar que fechou contratos fictícios com Cardozo para garantir um bom relacionamento  com o ex-ministro da Justiça. Os contratos teriam sido supostamente acertados com Marco Aurélio Carvalho, sócio de Cardozo em um escritório de advocacia. O ex-ministro disse que “essa é uma das acusações que mais lhe espanta”. “Eu trato bem todo mundo, não precisa me pagar para eu tratar bem”, afirmou.

Lula

Cardozo deu as declarações ao chegar à Justiça Federal de São Paulo, onde prestou depoimento em processo da Operação Zelotes como testemunha de defesa de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente e o ex-ministro Gilberto Carvalho são acusados de ter pedido 6 milhões de reais em propina para viabilizar a prorrogação de uma medida provisória que concede benefícios tributários a empresas do setor automobilístico.

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