O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira, 18, que o Brasil não tem intenção de romper relações comerciais com a China e que vai “comercializar com todo mundo”. A China é o principal destino das exportações brasileiras, seguida pelos Estados Unidos, e tem potencial para se tornar um dos principais investidores no país.
Guedes, contudo, afirmou que a intenção do governo é aumentar a cooperação com os Estados Unidos, que, em sua opinião, foi negligenciada nos últimos anos. “A nossa ideia é comercializar com todo mundo”, afirmou o ministro, que acompanha o presidente Jair Bolsonaro em sua visita a Washington, onde se encontrará amanhã com o líder americano, Donald Trump. “Mas nós vamos aumentar [o comércio] com os Estados Unidos.”
Para o ministro, houve “desinteresse por um potencial parceiro extraordinário, que está aqui perto”, por parte dos últimos governos, que privilegiaram a expansão do comércio com economias emergentes e em desenvolvimento. “Vários países fizeram acordo com os americanos, e nós não.”
O ministro negou, contudo, que a aproximação do Brasil com os Estados Unidos seja uma tentativa de se contrapor ao comércio com os chineses. “A essência do comércio é o ganha-ganha”, disse.
Durante a campanha presidencial do ano passado, o então candidato do PSL fez declarações duras contra a China, a quem acusou de “comprar o Brasil”, e não no Brasil. Bolsonaro, porém, não chegou a aventar o rompimento das relações de Brasília com Pequim nem mesmo durante o período eleitoral.
A animosidade de Bolsonaro foi diluída com o convite do presidente Xi Jinping ao brasileiro para que o visite. Sua viagem deverá ocorrer no segundo semestre. Ainda assim, os setores agrícola e de mineração brasileiros vinham demonstrando preocupação com a promessa do presidente de reduzir a dependência do mercado chinês. Mais radical, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chegou a questionar se a relação com o país asiático é benéfica.
Há também uma clara pressão do governo dos Estados Unidos para que o Brasil adote restrições para o ingresso de investimentos chineses, em especial no setor agrícola, expresso durante o encontro do secretário de Estado, Mike Pompeo, e Bolsonaro no seu segundo dia de governo.
Os Estados Unidos pressionam também o Brasil e outros países a proibirem o uso de equipamentos da empresa de telecomunicação chinesa Huawei por acusá-la de espionagem.
O comércio com a China cresceu consideravelmente nos últimos anos, e o país tornou-se responsável por muitos dos investimentos na área de infraestrutura. Para o governo de Bolsonaro, contudo, é interessante estimular também a cooperação com os Estados Unidos nesse setor.