O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conta com o crescimento da economia, a revisão de despesas e a ajuda dos parlamentares para manter as metas fiscais definidas por ele até o fim do governo Lula. No Congresso, por exemplo, a prioridade é chegar a um acordo sobre medidas que, juntas, podem ter um impacto de mais de 30 bilhões de reais nos cofres públicos.
Entre elas, estão a desoneração da folha de pagamentos e um programa que garante benefícios tributários ao setor de eventos (Perse). No fim do ano passado, Haddad decidiu acabar tanto com a desoneraçao quanto com o Perse, que haviam sido chancelados por deputados e senadores. Os congressistas reagiram e obrigaram o governo a recuar.
A questão voltou a ser debatida com o Congresso. Na prática, Haddad aceita manter as duas medidas, mas espera que os parlamentares atenuem os impactos delas na arrecadação. A depender do resultado da negociação, pode haver mudança na meta fiscal do próximo ano, como indicou o ministro em entrevista à CNN Brasil.
Medida extrema
Desde o ano passado, o ministro é pressionado por integrantes do PT e do governo a afrouxar a rédea do gasto público. Até aqui, ele resiste. Além de trabalhar para aumentar a arrecadação, Haddad conta com a ajuda da ministra do Planejamento, Simone Tebet, cuja equipe está revisando despesas públicas e já conseguiu poupar recursos, por exemplo, na Previdência Social.
Numa conversa recente com Simone Tebet, Haddad deu a entender que pode lançar mão de uma medida extrema a fim de garantir o ajuste fiscal, caso a arrecadação não atinja o nível esperado por ele. “Só temos uma alternativa: rever os gastos, porque pelo lado da receita já se exauriram todas as cartas na manga do ministro Fernando Haddad”, diz a ministra. “Quando eu fui levar para ele o programa de revisão de gastos, ele me disse ‘ Simone, só tem mais uma [carta] e é uma bomba atômica, não deixa eu apertar’”. Cauteloso, Haddad, convenientemente, não explicou que bomba atômica seria essa.