Tão logo VEJA revelou que o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra do sigilo bancário do presidente Michel Temer num inquérito da Operação Lava Jato, o Palácio do Planalto saiu em defesa do emedebista. “Abusiva e desnecessária”, disse Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, referindo-se à decisão do magistrado. “Anômala”, afirmou Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil. Embora o governo tenha manifestado o seu descontentamento com a medida, Barroso disse que não se trata de uma ação “banal”. Em um despacho sigiloso, obtido por VEJA, o ministro escreveu: “Os fatos que motivaram o requerimento dos presentes procedimentos tampouco são triviais. E, como a experiência demonstra, no tipo de criminalidade aqui apurada – delitos financeiros e contra a administração pública –, a análise dos dados bancários e fiscais é imprescindível ao sucesso da investigação”.
Em sua decisão, assinada no último dia 27 de fevereiro, Barroso autorizou não só o levantamento dos sigilos bancários e fiscais de Temer e seus amigos João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e o advogado José Yunes como também o acesso da Polícia Federal aos e-mails utilizados por Rodrigo Rocha Loures na Presidência da República e na Câmara dos deputados. O objetivo dessa medida é apurar se Temer recebeu propinas, por meio de seus aliados, para beneficiar a empresa Rodrimar, operadora no porto de Santos. O presidente e os demais suspeitos negam qualquer irregularidade.
As quebras de sigilos bancários e fiscais abrange o período de 1º de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2017. É a primeira vez que um presidente em exercício do mandato tem os seus dados financeiros abertos por ordem judicial. Em nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou que Temer dará à imprensa total acesso a essas informações. “O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes de suas contas bancárias”, diz a nota.