Janones ganha tempo no Conselho de Ética da Câmara
Parlamentar é acusado de quebra de decoro por mentir ao colegiado quando negou a prática de 'rachadinha', crime que confessou posteriormente na Justiça
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Fábio Schiochet (União Brasil-SC) retirou da pauta do colegiado desta quarta-feira a análise de uma representação do presidente do PL Valdemar Costa Neto contra André Janones (Avante-MG) por quebra de decoro.
No requerimento, Valdemar alega que o Janones mentiu à Comissão quando negou, em 2024, a prática de “rachadinha” em seu gabinete, já que confessou o crime posteriormente à Justiça comum para se beneficiar de um acordo de não persecução penal diante do Ministério Público.
“As ações do Representado, ao mentir para esta Casa, sob falácia de que não cometeu prática ilegal de ‘rachadinha’, e posteriormente, após início dos trâmites judiciais, confessar a prática dos crimes supracitados, demonstram a evidente quebra de decoro parlamentar, além de se configurar o claro desrespeito para com a Câmara dos Deputados”, diz Valdemar em trecho do requerimento.
Schiochet explicou que o relator do caso, deputado Fausto Santos Jr. (União Brasil-AM), está em viagem e que retornará à Brasília já na próxima sexta. A previsão é que o Conselho retome a discussão sobre o ítem, de acordo com o catarinense, no dia 28 de outubro.
Relembre o caso
A Polícia Federal indiciou André Janones em setembro de 2024 pelos crimes de corrupção passiva, peculato e associação criminosa. Segundo a PF, o mineiro encabeçou um esquema criminoso de embolso de parte dos salários de assessores – a clássica rachadinha – em seu gabinete, entre 2019 e 2020.
Foram abocanhados 131.000 reais por meio do uso de um cartão de crédito do chefe de gabinete. Em seu relatório conclusivo, a PF apontou que os valores serviram para bancar despesas pessoais, entre elas mais de 3.000 reais em clínicas de estética, resultando em “forte indício de enriquecimento ilícito”.
Denunciado por um ex-assessor, primeiro Janones negou o crime. Depois, desmentido pelas provas apresentadas pela PF, o mineiro assinou um acordo de não persecução penal com a PGR. Para evitar o processo judicial e afastar a possibilidade de prisão e uma possível perda do mandato, ele confessou o crime, se comprometeu a pagar uma multa e a devolver os recursos surrupiados.







